Fui no velório do querido Juca Torto, Eu era íntimo do morto, Pero mucho más da viúva Babava águas, pesos de raio e trovão, Entrei de chapéu na mão e poncho encharcado da chuva Tomei um trago de canha meio sem jeito, É que tenho este defeito de gostar de coisa triste E quem resiste a um velório com cachaça, Com rapadura, bolacha e umas "véia" pra dizer um chiste Varei a sala arrastando as nazarena, Corri os zóio na morena chorando embaixo de um véu Tinha um gaiteiro vaqueano das horas brabas Que floreava uma pianada pedindo as bênçãos pra o céu
[Refrão] Não chora linda, não chora minha querida Porque a saudade é um mal que o tempo cura Não chora linda, não chora minha querida Que nessas voltas da vida a gente acha o que procura. Bis
Eu tinha um lenço bordado com as inicial E ofereci muy cordial, tapado de sentimento Não te preocupa que os amigo são pra isso, Fica aqui meu compromisso te amparar neste momento Vendo a quietude que negaciava o ambiente, Fui pra o lado de um parente falando o que era preciso Me dê licença que eu conhecia o finado, Sei o que ia querer o coitado, que eu cantasse de improviso
[Versos de Anomar Danúbio Vieira] Juntei o sombreiro ao peito e saquei um verso da goela Sentido eu faço este verso, em respeito ao falecido Que era muito meu amigo, desde os tempos de guri Se agora eu me encontro aqui, pra te dizer por inteiro Pode ir-te embora parceiro que a viúva eu cuido pra ti