Tião Carreiro e Pardinho

Viúva Rica

Tião Carreiro e Pardinho

Rio de Pranto


Fui caboclo do pesado levei sempre vida dura
Já fiz serviço dobrado pelo óleo da fritura
De roer osso na vida gastei minha dentadura
De tanto apertar o cinto calejei minha cintura
Não tem negócio da china pra se sair da pendura
Ou é a luta do mundo ou a paz da sepultura

Pra se viver do trabalho é demais a concorrência
É carteira pra carvalho e carta de referência
Quanto mais ganha mais gasta na rabeira da carência
Trabalhar pra quem é pobre é gostar de penitência
O trabalho dá cansaço e suor de experiência
Trabalhar por trabalhar é relaxar a competência

De trabalhar ninguém morre nem de fome quem não queira
Faça sol ou faça chuva mundo velho é sem porteira
O meu rosário de queixa eu joguei na corredeira
Qualquer barranco é um potro qualquer pedra é uma cadeira
Deus me deu o lar do mundo e a saúde com esteira
Minha mãe me deu a luz e a vida sem canseira

No meu sistema de vida muita gente me critica
O futuro é morte pra semente ninguém fica
Três punhadinhos de terra numa cova nada explica
Da minha filosofia eu só vou dar uma dica
Eu não vou salvar o mundo dessa gente que complica
nem morrer de trabalhar pra deixar a viúva rica
Compositores: Edward de Marchi (SADEMBRA), Jose Dias Nunes (Tiao Carreiro) (UBC)Editor: Warner (UBC)ECAD verificado obra #66358 e fonograma #9200598 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM

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