António Zambujo

Nativa

António Zambujo


Sorriste-me junto ao rio
Quando de febre eu morria
Entre delirio palustres
E suores me consumia
Eu ardia em fogo lento
Quando me deste agasalho
Passaste em mim um unguento
Muito mais fresco do que orvalho

Redimiste-me nativa
As penas do meu degredo
Mantiveste a minha alma viva
Por ti voltei a ser ledo
Adorei deus em heresia
Dei-lhe outra façe sagrada
E a nossa volta no chao
Foi crescendo uma erva mestiçada

Deste-me conchas do mar
E um sorriso na boca
E eu nada tinha pra dar
Que se comparasse em troca

Dei-te os ferros da razão
Dei-te o valor do metal
Plo castigo e o perdão
E a gramática do mal
Dei-te a dor no cruxifixo
Dei-te a cinza do prazer
Se não fosse eu era outro
E antes eu do que um qualquer

Dei-te a minha lingua mãe
Na tarde desse vagar
O meu bem mais precioso
Que eu tinha pra te dar

E esse meu falar antigo
De branco fez-se mulato
Um dialecto criolo
Um viço novo no mato
Compositores: Carlos Alberto Gomes Monteiro (Luis G Claro) (SPA), Rui Manuel Gaudencio Veloso (Rui Veloso) (SPA)Publicado em 2003 e lançado em 2013 (27/Nov)ECAD verificado obra #7095242 e fonograma #6129632 em 28/Out/2024 com dados da UBEM

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