Zé Ramalho
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Beira-mar - Capítulo Final

Zé Ramalho

Eu Sou Todos Nós


Quando o mar se revolta os peixinhos pulam
Mergulham velozes cortando as espumas
Os barcos veleiros resvalam nas brumas
E as verdes palmeiras nos ares tremulam
As águas se abraçam as brisas osculam
Os tortos coqueiros que oscilam no ar
O vento marítimo procura pegar
A força das ondas que ora se agitam
Enquanto navios aflitos apitam
Deixando naufrágios na beira do mar

Oh! Beira-mar! Oh! Beira-mar

Galope só é bem feito quando é feito à beira-mar
Paquetes sem luzes, navios sem velas
Visões invisíveis, terríveis assombros
Montões de vasculhos, enormes escombros
Há ventos raivosos, tufões e procelas
Lanchas destruídas, velhas caravelas
E barcos perdidos sem mais viajar
Navios que o tempo tentou afundar
Somas valiosas, tesouros mantidos
Segredos do mundo que estão escondidos
No leito salgado do fundo do mar

Tem monstros que vivem no reino abissal
Num mundo profundo aonde não vai
O homem que entra dali nunca sai
Nem a batisfera veículo pra tal
Nenhum oriente nem ocidental
Contempla o mistério que vou consagrar
Ouvir a sereia anfertiti cantar
A onda que geme e que hipnotiza
O fim da história na minha camisa
Que lavo na espuma da beira do mar
Oh! Beira-mar! Oh! Beira-mar
Galope só é bem feito quando é feito à beira-mar

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