pra quem ficou perdido entre o bem e o mal pra quem mentiu e também foi sincero pra quem brilhou e depois morreu sem sal pra quem brincou e também foi austero
e eu posso inventar a missa louvar o acaso e o absurdo em noites que te chamei sem ouvir resposta se todo mundo te cobra sempre um futuro a lama e a glória são a mesma bosta
é pra você que eu vivo, Deus do Claro e Escuro com um coração de rua com as mãos imundas mas sou teu sem culpa
circulando como ácido num cano aberto e frágil das veias que te enforcam num golpe tão discreto é o meu glorioso grito pra encenar um plágio como se eu fosse um gênio como se isso fosse fácil
é o lugar que achei entre o céu e o inferno
pra quem chorou caído e quem venceu cansado pra quem pariu um filho ou quem se fez sozinho pra quem pensou no outro e quem roubou o Estado pra quem bateu na cara e depois deu carinho
e eu posso celebrar a missa num canto sujo desse mundo em dias que te chamei sem ouvir resposta se todo mundo te cobra sempre uma postura os homens e os deuses são a mesma aposta