(Já o segundo poema “A volta da mulher morena” pertence ao meu 2º livro “Forma e Exegese”. Eu quero lê-lo porque neste livro complexo que mostra o poeta talvez em sua fase transcendental mais aguda e com os problemas metafísicos mais agudos, ele já enunciam o poeta que tinha um pouco a saudade do cotidiano que queria viver a vida dos homens e não...o poeta como disse Otto Lara Resende - inquilino do sublime)
Meus amigos meus irmãos Cegai os olhos da mulher morena, Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo, Estão me despertando de noite
Meus amigos meus irmãos Cortai os lábios da mulher morena, Eles são maduros e úmidos e inquietos E sabem tirar a volúpia de todos os frios
Meus amigos meus irmãos E vós que amai a poesia de minh’alma Cortai os peitos da mulher morena, Que os peitos da mulher morena sufocam meu sono E trazem cores tristes pros meus olhos
Jovem camponesa que me namoras quando eu passo nas tardes Traze-me para o contato casto de tuas vestes, Salva-me dos braços da mulher morena, Eles são laços, ficam estendidos imóveis ao longo de mim São como raízes recendendo resina fresca São como dois silêncios que me paralisam
Aventureira do rio da vida Compra o meu corpo da mulher morena Livra-me do seu ventre como a campina matinal Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria
Branca rosinha dos caminhos Reza pra ir embora a mulher morena Reza para murcharem as pernas da mulher morena Reza para a velhice roer dentro da mulher morena
Que a mulher morena está encurvando meus ombros Está trazendo tosse má para o meu peito
Meus amigos meus irmãos E vós todos que guardai ainda meus últimos cantos Daí morte cruel a mulher morena.
Compositor: Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Vinicius de Moraes) (UBC)Editor: Tonga Editora Musical Ltda (UBC)Administração: Universal Music Publishing Mgb Brasil Ltda (UBC)ECAD verificado obra #74122 em 01/Abr/2024 com dados da UBEM