Em um jardim à beira-mar Fazia um luar de níveo albor E o céu sem véu tinha o fulgor Da cor do meu primeiro amor Estava ali a meditar A meditar pensando em ti A suspirar pensando em ti Quando uma flor falar ouvi
Era a rosa que passava e a sorrir Era contigo que ela sonhava E eu que nunca tinha visto A flor dormir Pus-me a ouvir ao ter No teu langor deitava a flor A soluçar no andor partiu Choroso amor Pranto de amor todo esplendor De um céu de anil E até chorei oh que prazer E a flor saudosa do jardim Ao seu sonhar sorrindo ao luar Dizia assim, dizia assim
Ó Senhor, sonhar com ela Ai, como a noite está tão bela Como esta noite a me encantar Ó Senhor, viver ou estar Ouvindo terno palpitar Daquele seio a soluçar
Com paixão à flor eu disse então Ó tu que coração conheces dela Dize a mim se é vero o seu amor E a flor sorrindo ainda disse assim, assim
Ó feliz, tu és poeta! A tua mais dileta flor A nossa irmã de mais candor Tem amor a ti ardente Somente vive por te amar E morrerá por te adorar!
E ouvindo então a flor falar Senti minh'alma a Deus voar E de prazer, cheio de amor E é na flor um beijo dar E ouvi então a flor dizer Eu quis magoar teu coração Eu quis zombar da tua dor A ti não tem, não tem amor!
Compositor: Catulo da Paixao Cearence (Catulo da Paixao) ECAD: Obra #644164 Fonograma #1182543