Tou a arrumar as malas Levo quase tudo, até o meu kimono de judo, (quase tudo) Já não sei se volto Quem emigra quer voltar Mas muitos poucos voltam à base
Farto disto tudo Farto de estar desempregado de nada servem estes canudos Quando há trabalhos são sempre temporários Humilhantes, precários, os salários hilários
União Europeia a colapsar, Portugal a mergulhar nestes dias funerários Vou-me embora, vou Vou para Luanda Já não há nada aqui pra mim, isto já não anda nem desanda
Estas são as minhas últimas lágrimas Últimas páginas, neste país que hoje tresanda Portugal, meu céu meu lamaçal Assiste ao recital da minha fuga da tua varanda
Refrão: Ahhhahhhhah Meu país, vou-me embora... Ahhhahhhhah Meu país, vou-me embora... Ahhhahhhhah Portugal, vou-me embora.. Ahhhahhhhah Portugal, vou-me embora!
Ana, meu amor por ti é irrefutável Memorável nas nossas vidas, divino, inenarrável Mas vou-me embora, minha alma chora E devora a minha carne e deixa-me assim inconsolável
Tens emprego estável, situação invejável Não faria sentido vires comigo Ana, seria irresponsável Fica aqui, progride na empresa Tenho a certeza que chegarás lá em cima com a tua destreza
É melhor acabarmos esta relação A minha volta é um ponto de interrogação É tudo uma incerteza, Ana Não chores, não deflores Ainda mais esta dor que me atinge com tanta crueza
Acabamos mas serei sempre teu O teu Romeu que viverá do que imana a tua grandeza Vou-me embora, sê feliz Mesmo com a cicatriz deste amor a levar-te pra a tristeza
Refrão: Ahhhahhhhah Meu país, vou-me embora... Ahhhahhhhah Meu país, vou-me embora... Ahhhahhhhah Portugal, vou-me embora.. Ahhhahhhhah Portugal, vou-me embora!