Fui caboclo do pesado levei sempre vida dura Já fiz serviço dobrado pelo óleo da fritura De roer osso na vida gastei minha dentadura De tanto apertar o cinto calejei minha cintura Não tem negócio da china pra se sair da pendura Ou é a luta do mundo ou a paz na sepultura
Pra se viver do trabalho é demais a concorrência É carteira pra carvalho e carta de referência Quanto mais ganha mais gasta na rabeira da carência Trabalhar pra quem é pobre é gostar de penitência O trabalho da cansaço e suor de experiência Trabalhar por trabalhar é relaxar a competência
De trabalhar ninguém morre nem de fome quem não queira Faça sol ou faça chuva mundo velho é sem porteira O meu rosário de queixa eu jogarei na corredeira Qualquer barranco é um porto qualquer pedra é uma cadeira Deus me deu o lar no mundo e a saúde como esteira Minha mãe me deu a luz e a vida sem canseira
No meu sistema de vida muita gente me critica O futuro é a morte pra semente ninguém fica Três punhadinhos de terra numa cova nada explica Da minha filosofia eu só vou dar uma dica Eu não vou salvar o mundo dessa gente que complica Nem morrer de trabalhar pra deixar viúva rica
Compositores: Jose Dias Nunes (Tiao Carreiro), Edward de Marchi ECAD: Obra #66358 Fonograma #605855