Num saco de estopa, com imbira amarrado Eu tenho guardado a minha paixão Uma bota velha, chapéu cor de ouro Bainha de couro e um velho facão Tem um par de espora, Um arreio e um laço Um punhal de aço e rabo de tatu Tenho uma guaiaca ainda perfeita Caprichada e feita só de couro cru.
Do lampião quebrado, só resta o pavio Pra lembrar do frio, eu também guardei Um pelêgo branco que perdeu o pêlo Apesar do zêlo com que eu cuidei Também o cachimbo de canudo longo Quantos pernilongos com ele espantei Um estribo esquerdo, que guardei com jeito Porque o direito na cerca eu quebrei.
A nota fiscal já toda amarela Da primeira sela que eu mesmo comprei Lá em Soledad na Casa da Cinta Duzentos e trinta, na hora paguei Também um recibo já todo amassado Primeiro ordenado que eu faturei É a minha tráia num saco amarrado Num canto escostado, que eu sempre guardei.
Pra mim representa um belo passado A lida de gado que eu tanto gostei Assim enfrentando um trabalho duro E fiz o futuro sem violar a lei O saco é relíquia com meus apetrechos Não devo e não deixo ninguém pôr a mão Nos trancos da vida agüentei o taco E o ouro do saco é a recordação.
Compositores: Jose Caetano Erba (Caetano Erba), Jose Plinio Trasferetti (Paraiso) ECAD: Obra #32251 Fonograma #28005