Eu tenho em meu escritório Em cima da minha mesa A miniatura de um carro Que a todos causam surpresa muitos já me perguntaram O motivo por que foi Eu sendo um doutor formado Gosto de um carro de boi respondi foi com o carro Nas estradas a rodar Que meu pai ganhou dinheiro Pra mim poder estudar enquanto ele carreava Passando dificuldade As lições eu decorava Lá nos bancos da faculdade
Entre nossas duas vidas Existe comparação Hoje eu seguro a caneta Como se fosse o ferrão os riscos de minha escrita São pras folhas rabiscadas Eu deixo os rastros que os bois Deixavam pelas estradas fechando os olhos parece Que vejo estrada sem fim E um velho carro de boi Cantando dentro de mim em meus ouvidos ficaram O gemido de um cocão E um grito de um carreiro Ecoando no grotão
Se tenho as mãos macias Eu devo tudo ao meu pai Que teve as mãos calejadas No tempo que longe vai cada viagem que fazia Naquelas manhãs de inverno Eram o pingo do meu pranto Nas folhas do meu caderno meu pai deixou esta terra Mas cumpriu sua missão Carreando ele colocou Um diploma em minhas mãos por isso guardo esse carro Com carinho e muito amor É lembrança do carreiro que de mim fez um doutor
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Jose Fortuna (Ze Fortuna) ECAD: Obra #15699 Fonograma #255778