Sou violeiro desde os tempos de menino, No armazém do Zé Delfino, eu pedia pra cantar
Por um trocado me atolava até o pescoço E fui só pele e osso até crescer, me libertar
E mãe fazia um ensopado, que deixava guardado doce de cravo pro jantar. E pai dizia amargurado: -Filho é pecado cantar esse enfado pra ganhar.
Cidade grande sempre foi o meu destino E meu padrinho Severino pretendia me adotar Chamou meu pai e disse: -Fique sossegado, seu filho ta bem guardado , a mó de não se extraviar.
E mãe fazia um bordado em ponto cruzado num lenço engomado pra marcar E pai dizia armagurado: - Tome cuidado, Deus seja louvado em te levar.
Pedi a benção; recolhi minha viola minhas tralhas fui-me embora , mas chorei meu Ceará
Fui avisado de que homem não chora Fortaleza, é minha hora não me deixe fraquejar
Sonhei com fama e com reconhecimento , mas foi só com documento que eu pude me apresentar
Fui amparado por meu padroeiro Esse é o jeito brasileir de se sustentar
Tô ressentido ,mas meu santo ainda é forte Desafio minha sorte não dou ponto pro azar
Me certifico e trago o canto no meu peito E o canto pode dar um jeito na vida de quem cantar
E trago o lenço marcado, tomo cuidado,lembro do ensopado do jantar
Sou cantador destinado, sou devotado e o meu agrado é cantar