Derrubei um pau de jacarandá
Com a minha boiada arrastei pro currá
Peguei meu machado comecei lavrá
Fiz uma canoa pro rio atravessá
Só pra ver meu bem do lado de lá

Eu sou canoeiro e sei navegá
Na corrente forte não deixo virá
Sigo rio acima não deixo vortá
Sigo contra as águas eu já sei remá
Só pra ver meu bem do lado de lá

Eu moro de cá e o meu bem de lá
Quando chove muito não posso passá
Pois o rio enche e eu não sei nadá
Mas numa canoa posso atravessá
Só pra ver meu bem do lado de lá

Eu tenho um jardim que eu mandei plantá
Onde eu passo as horas na relva a sonhá
Com o jeitinho dela que me faz pená
Uma coisa eu faço se Deus me ajudá
Seja quando for passo ela pra cá

O meu remo é forte, é de jatobá
Com metal de zinco mandei castoá
Quando jogo na água corrente não há
Que no dia ronca onde eu vou passá
Tenha pau ou pedra eu passo pra lá

Eu juntinho dela o que que há
Sinto-me feliz não devo negá
Sem os teus carinhos é duro ficá
Por isso eu fiz de jacarandá
A minha canoa pra passá pra lá

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-Sp)