Você que só ganha pra juntar O que é que há, diz pra mim, o que é que há? Você vai ver um dia Em que fria você vai entrar
Por cima uma laje Embaixo a escuridão É fogo, irmão! É fogo, irrnão!
Falado:
Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...
Você que não pára pra pensar Que o tempo é curto e não pára de passar Você vai ver um dia, que remorso, como é bom parar
Ver um sol se pôr Ou ver um sol raiar E desligar, e desligar
Falado:
Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito (e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra
Você que só faz usufruir E tem mulher pra usar ou pra exibir Você vai ver um dia Em que toca você foi bulir!
A mulher foi feita Pro amor e pro perdão Cai nessa não, cai nessa não
Falado:
Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas
Você que não gosta de gostar Pra não sofrer, não sorrir e não chorar Você vai ver um dia Em que fria você vai entrar!
Por cima uma laje Embaixo a escuridão É fogo, irmão! É fogo, irmão!
Compositores: Antonio Pecci Filho (Toquinho), Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Vinicius de Moraes) ECAD: Obra #26904 Fonograma #10079427