O meu nome é João Carreiro
Conhecido no lugá
Eu vou contá minha história
Pra vocês não duvidá
Já tô véio aperreado
Já não posso carreá
Mas o galo quando morre
Deixa a pena por siná
No tempo que eu fui carreiro
Fui caboclo arrespeitado
Com quatro junta de boi
Caminhava sossegado
Distância de meia légua
Quando subia o cerrado
Ai, o cocão ringidor
Era dueto chorado
Pareia do cabeçaio
eija-Flôr e Muzambinho
Pareia de boi da guia
Fortaleza e Caboclinho
Sob a guia caminhava
Riachão e Riachinho
Vamos se embora Sereno
Pareia de Passarinho
No riacho da Graúna
Quando o meu carro parava
Os zóio de uma cabocla
Meu coração cutucava
Na vorta lá da cidade
De novo por lá passava
Os zóio dessa cabocla
De novo me provocava
Assim fiquemo um tempão
Cinco mês fiquemo assim
Eu com arreceio dela
E ela com medo de mim
Um dia criei corage
Falei com ela por fim
Essa cabocla chamava
Corina, flor do alecrim
Alecrim não tem espinho
E é danado pra cheirá
E mesmo não tendo espinho
Alecrim pode magoá
Corina, flor do alecrim
Só pode me judiá
Prometeu tanta ventura
E só me trouxe pená
Só tive um amor na vida
Tristeza veio me dá
Fiquei véio aperreado
Já não posso carreá
Já contei a minha história
Antes de outro contá
Onde meu carro passou
Deixou rastro por siná
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)