Eu tinha um companheiro por nome de Ferrerinha Nós lidava com boiada, desde nós dois rapazinho Fomos buscar um boi bravo no campo do espraiadinho Eram vinte e oito quilômetros da cidade de Pardinho.
Nós chegamos no tal campo cada um seguiu prum lado Ferrerinha foi num potro redomão, muito cismado Já era de tardezinha eu já estava cansado Não avistava o Ferrerinha e nem o tal boi arribado!
Naquilo avistei o potro que vinha vindo assustado Sem arreio e sem ninguém fui ver o que tinha se dado Encontrei o Ferreirinha numa restinga deitado Tinha caído do potro e andou pro campo arrastado.
Quando eu vi o Ferreirinha meu coração se desfez Apiei do meu cavalo com tamanha rapidez Chamava ele pelo nome, chamei duas ou três vezes E notei que estava morto pela sua palidez.
Pra deixar meu companheiro era coisa que não fazia Deixar naquele deserto alguma onça comia Estava ali só eu e ele, Deus em nossa companhia Veio muitos pensamentos só um é que resolvia.
Pra levar, meu companheiro veja o quanto eu padeci Amarrei ele pelo peito e numa arvore suspendi Cheguei meu cavalo em baixo e na garupa ele eu desci E com o cabo do cabresto eu amarrei ele em mim
Saí pela aquela estrada, tão triste, tão amolado Era um frio do mês de junho, seu corpo estava gelado Já era uma meia noite quando cheguei no povoado Deixei na porta da igreja, fui chamar seu delegado.
A morte desse rapaz mais do que ninguém sentiu Deixei de lidar com gado, minha inclinação sumiu Quando me lembro esta passagem, franqueza me dá arrepio Parece que a friagem das costas até hoje ainda não saiu!
By: Luiz Fernando - Rib. Preto
Compositor: Adauto Ezequiel (Carreirinho) ECAD: Obra #30737 Fonograma #12094792