Tiago Souza
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Décima de Uma Rima Só

Tiago Souza


Encilhei atei a cola
Da minha égua estradeira
E sai num trote largo
Desses de buscar parteira
Cruzei três ou quatro campos
E uma dúzia de porteira
Procurando um baile xucro
Pra rebolear a “coaieira”
Esfolar as botas novas
Judiar calos e frieiras

Era num rancho de barro
Desfoiado na cumieira
No salão um gentirío
Se amontoava pelas beiras
E eu já gritei lá da porta
Num jeito de brincadeira
Danço de espora e mango
Mesmo que o diabo não queira
Ainda sirvo azevém
Pras gurias caroneiras

Foi mexer nos “camotim”
E cutucar as cruzeiras
Já me prenderam o grito
Vou surrar o bagaceira
Se esta com sarna no lombo
Eu te tiro as coceiras
Manusiei o “Dom Formiga”
E uma adaga companheira
E já fui servindo bóia
Pr'um montão de varejeiras

A gaita ninguém ouvia
Com tamanha lambanceira
Os caramelos zuniam
Parecia uma abeieira
Facilita nessa feita
Tou virado em peneira
Me grudei numa gorducha
E fiz ela de trincheira
Peleei que nem tamanduá
Recostado na tronqueira

O lampeão já tinha ido
Só ficava a fumaceira
E eu buscava no escuro
Um buraco na ratoeira
Quando avistei o clarão
Fui derrubando cadeiras
Medi o vão da janela
E a altura da soleira
E saltei que nem um gato
Em cima d'uma roseira

Me escapei todo lanhado
Mas a carcaça inteira
Minha égua “benza Deus”
Me esperava na porteira
Montei sem tocar estrivo
Descambei numa ladeira
Sem tomar nenhuma canha
Sem dançar uma vanera
Por causa desse surungo
Hoje vivo na fronteira

Composição: Severino Rudes Moreira e Zulmar Benitez

Letra enviada por Severino Moreira

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