28 de junho de 1989

Mais um criança inocente (firme e forte),
Vem para esse mundo cheio de má sorte.
Não consigo me lembrar muito bem daquela épouca,
Mas eu sei que o bagulho era só miséria,
Quem tava lá lembra muito bem dela.
Naquele tempo minha mãe trabalhava na roça,
Tinha que bota o que comer na mesa, fazer o que.
O sol nem tinha saído,
E ela de pés descalços naquele frio, Sem nenhum
abrigo.
Acordava muito cedo prá capinar,
12:00 em ponto ela nem vinha prá almoçar.
Minha vó tomava conta de mim,
Fazer o que eu nunca quis assim.
Completei 1 ano de idade,
Minha mãe resolveu se mudar prá cidade,
Cansou de ser pisoteada, esculaxada,
POr aqueles tipos que abusam da sua farda.
Ser mãe com 15 anos de idade,quem disse que é fácil,
tem que ter muita responsabilidade.
Prá enfrentar, todos os tipos de riscos,
Pra defender seus filhos de tudo isso.
Eu era apenas uma criança,
Quando cheguei em Canoas, cheio de esperança,
Me encantei ao ver a cidade toda iluminada,
Mas, o que eu não sabia,
É que depois que a luz apaga,
Você vai ver que era tudo um conto de fada.
E aos poucos fui crescendo,e me tocando,
Que a vida não era tudo aquilo que estava sonhando.
Via minha mãe trabalhando noite e dia
Pra ganhar uma miséria,
E sair sorrindo no outro dia.
Fui crescendo mais e mais,
Não se apavore comigo rapaz.
Agora tenho mais cabeça (pode crê),
Não quero aparecer na revista Veja.
Eu sou quem sou, só agradeço a Deus,
Por ter me dado uma mãe como ele me deu.
Foi me buscar lá na DECA,
departamento da criança e do adolescente.
Por causa de um pm que me achou com intorpecentes.
Então completei 18 anos de idade,
Agora minha mãe só se preocupa com os covardes
(covardes de farda).
Aí! Meu sonho é o que me mantém vivo,
Minha fé é conciência de tudo isso.
Com muito medo do futuro
Ao mesmo tem despreocupado com o mundo.
Não sei mais o que pensa,Mas a minha fé me leva a
crêr,
Que isso tudo vai mudar.
Enquanto nada muda,
Continuo com a minha roupa suja, descalço no meio do
mato,
Procurando um aliado pra sair deste buraco.
Eu já vi muita desgraça nessa vida,
Peço a Deus um pouco de perdão,
Prá sua filho, que crou seu filho, com muito amor e
carinho.
Defendendo e protegendo de todo mal, que ali o tinha.
Agora quem precisa de proteção é o poder do mal aquele
que se acha o tal,
Que arrasta a população brasileira pra desgraça,
Preste atenção, isto não é uma farça,
Pelo contrário, é a pura realidade,
Desse mundão cheio de maldade.

"Então, Se a chuva caí lá fora,
É sinal, Que Deus está chorando,
Por seus filhos, Que estão se matando."

Não sei mais o que fazer,
Várias pessoas morrendo sem ter o que comer.
Agora só prá terminar,
Escute bem o que eu vou falar,
Você me chama de ladrão ou maloqueiro,
Só por que eu uso uam camisa larga até o joelho,
A bandana na cabeça, acompanhada da panela,
Complementando o fundilho da minha calça que vai até a
canela,
Andando com Adidas Hempano pé,
Aí neguinho não sô mais aquele mané.