Ele não queria nem querer, pra não sofrer e não lembrar, não esquecer
E ela era igual ao mar de se quebrar por gostar de se perder
Ela era o fogo, e se queimava
Ele era o sonho que acordava
Ela semeava ventania
Ele se guardava e se escondia
Ela era a bolha e flutuava
Ele era o tempo que passava
Ela era feita de alegria
E ele tinha medo de poesia
E ela não dizia nunca, nunca mais, tanto, tanto faz
Mas naquele dia sem querer, e sem chover e nenhum rio transbordar, ele se afogou de ver e desejar e gostar de se perder
Ela era o fogo
Ele queimava
Ele era o sonho e delirava
Ele procurava ventania
Ela se entregava e se sorria
Ela era a lua
Ele brilhava
Ela era o tempo que passava
Ela ia embora feito o dia
E ele era o sol que anoitecia
E ele só pedia sempre, sempre assim, e gritava assim, repetia assim, e ela não ouvia