Ninguém é melhor que ninguém, pelo que sei, ein Por mais dinheiro que diga que tem Por mais riqueza que sabe que vem Farinhas do mesmo saco Partilham do mesmo prato Quando conhecem os mesmos fatos Se protegem com os mesmos tratos No fundo são todos fracos Dependentes de acordos Sem modos no lodo Enquanto eu, povo, me fodo No meu bairro não há esse jogo Subiu mais oito de novo E só esse mês Famílias esperam, mas nunca entenderam a vez Vários louco, é Eu disse Vários louco Resolvem no pipoco É Deus por nós E um contra o outro Subindo o morro é diferente Cidadão de outra visão E defensor só quer, mé-mé, foder com a gente É indecente, é angustiante Formar uma mente já conflitante Para que ela seja mais consciente E não se torne um assaltante Mas não oferecem nada decente É revoltante e alarmante Como eu me sinto impotente E ainda me acho importante Eu só quero ser decente, ser relevante Ser o bastante para mostrar pra nossa gente Que eu também vim
Da lama eu vim (é) Das ruas eu vi (tô) Dos becos que vi (só) Senhora de mim (sou) Por que me ama Eu vim da lama Eu vim da lama
Vejo pedras preciosas no meio do lamaçal Muita gente conformada com o serviço braçal Só conseguem se enxergar na posição de serviçal Sendo pau mandado de um ser humano boçal Não é de igual pra igual Tudo é muito desigual Que Deus honre e abençoe meus irmão de Senegal E de todos que estão mal Vivendo na injustiça Se afundando cada vez mais nessa areia movediça Creio na divina justiça Por isso que Jesus veio Nem tudo é lícito, cada um tem seus meios Uns correm pelo certo Outros puxam tapete Tirar o pé da lama assim é fácil Pra muitos esse é o macete Quero viver sem drama Uma vida em abundância Não é exuberância Eu sei bem que passei na minha infância Distância da destruição Pra contemplar toda beleza da criação Hey
Da lama eu vim (é) Das ruas eu vi (tô) Dos becos que vi (só) Senhora de mim (sou) Por que me ama Eu vim da lama Eu vim da lama
Da lama eu vim Da lama eu vim
Ô-uô
Afrontamento
Quer saber O que me incomoda, sincero É ver que pra nós a chance nunca sai do zero Que, se eu me destacar, é pura sorte, Jão Se eu fugir da pobreza não escapo da depressão, não Num quadro triste, realista Numa sociedade machista As oportunidades são racistas São dois pontos a menos pra mim É difícil jogar Quando as regras servem pra decretar o meu fim Arrastam minha cara no asfalto Abusam, humilham Tiram a gente de loco Me matam todo dia mais um pouco A cada Cláudia morta, a cada Alan morto Se não bastasse essa injustiça e toda dor Transformam adolescentes em um filho da puta de um malfeitor É complicado essa anedota, não acha? Mas hoje ouvirão verdades vindas dessa racha No rap, ego inflado Os cara se acha Mano, ninguém se encontra E geral arrasta À margem de tudo a gente marcha Pra manter-se vivo Respirando nessa caixa Eu quero mais Eu vou no desdobramento Nem que pra isso eu tenha que formar um movimento E agora é apertando o comendo no empoderamento E eu vindo logo de bando Vai vendo Com a fral alaranjado Chegando no talento Gritando mãos ao alto E atirando argumento, pow De zona de conforto pra zona de confronto, valendo Isso mesmo, me chame de afrontamento
Compositores: Carlos Eduardo Alves da Rocha (Grou), Tassia dos Reis Santos (Tassia Reis), Stefanie Roberta Ramos da Costa (Stefanie Roberta), Renan Assuncao Sabino (Dia), Johnatas Chaves Ribeiro dos Santos (Jhow Produz) ECAD: Obra #23401373 Fonograma #26844177