Estou a apagar as luzes

Para me lembrar de como ver

Até que um renascimento aconteça

E ressuscitar a cor da tinta e da divindade

Como se Deus tivesse escondido os blocos de construção

De todas as coisas belas

Neste jogo de esconde-esconde

Não posso deixar de pensar que o comum engoliu a chave

Corpos feitos de sujidade e pó

Por um momento podemos ser gloriosos

Esculturas de gelo adornadas de luz

Castelos de areia construídos entre as marés

Talvez me esteja a esconder atrás de uma metáfora

Talvez o meu coração precise de se partir para ter a certeza

Um dia vou usar tudo na minha manga

O insignificante com o sagrado único

Mas eu apaixonei-me por um fantasma

Perdi o equilíbrio quando mais precisava dele

E esta fotografia desfocada é a prova

Do que não tenho a certeza mas parece ser verdade

Estou preso a nadar nas sombras aqui em baixo

Há uma eternidade que não venho apanhar ar

Lanterna na mão determinada a encontrar

A autenticidade que só a poesia poderia tentar descrever

Corpos feitos de sujidade e pó

Por um momento podemos ser gloriosos

Podemos ser gloriosos

Ser gloriosos

E se já formos

Quem temos estado a morrer para nos tornarmos

Em certas luzes eu posso ver claramente

Um reflexo de magnificência

Escondido em ti

Talvez até em mim