Das muitas coisas Do meu tempo de criança Guardo vivo na lembrança O aconchego de meu lar No fim da tarde Quando tudo se aquietava A família se ajuntava Lá no alpendre a conversar...
Meus pais não tinham Nem escola e nem dinheiro Todo dia o ano inteiro Trabalhavam sem parar Faltava tudo Mas a gente nem ligava O importante não faltava Seu sorriso e seu olhar...
Eu tantas vezes Vi meu pai chegar cansado Mas aquilo era sagrado Um por um ele abraçava E perguntava Quem fizera estripolia E mamãe nos defendia E tudo aos poucos se ajeitava...
O sol se punha A viola alguém trazia Todo mundo então pedia Pro papai cantar pra gente Desafinado Meio rouco e voz cansada Ele cantava mil toadas Seu olhar no sol poente...
Correu o tempo E hoje eu vejo a maravilha De se ter uma família Quando tantos não a tem Agora falam Do desquite e do divórcio O amor virou consórcio Compromisso de ninguém...
Há tantos filhos Que bem mais do que um palácio Gostariam do abraço E do carinho entre seus pais Se os pais se amassem Tudo isso não viria Chamam a isso de utopia Eu a isso chamo paz...
Colaboração Edson Faria
Compositor: Jose Fernandes de Oliveira (Pe. Zezinho Scj) ECAD: Obra #651661 Fonograma #405977