Eu desde pequenininho trabaiava lado a lado Com meu velho pai, carpinteiro afamado Sem nunca ter alegria, vivendo sempre magoado Por não gostar do ofício que ele tinha me ensinado
Então eu disse: - Meu pai, já enjoei e tô cansado De trabaiá nesse ofício sem ver nenhum resultado Nóis não sai disso, meu pai! Nós somos sempre uns coitado
Quando eu era criança o senhor devia ter lembrado De me mandar pra cidade, assim eu teria estudado Pra doutor, engenheiro ou então advogado Com estudo hoje eu era um homem bem preparado
Então eu seria rico, tinha automóvel e criado Tinha fama e tinha glória e era considerado E com o ofício que aprendi Ah! não passo de um desgraçado
Meu pai que ouvia calado tudo que eu dizia Ergueu os zóio pro céu, e eu vi que o pobre sofria Tinha lágrima no olhar E assim me arrespondia
Olha, meu filho, eu já tô bem velho Já estão contados os meus dia E inté o dia de hoje só lhe ensinei o que sabia É o ofício de carpinteiro pra o sustento da famía
E com esse ofício, meu filho, graças a Virgem Maria Nunca faltou em nosso rancho nosso pão de cada dia Tivemos sempre agasalho quando o inverno aparecia E assim demos esmola a quem dela merecia
Depois que meu pai falou eu respondi com desdém O que adianta tudo isso, meu pai, é o dinheiro é que convém Meu pai então respondeu: - Olha, meu filho, pense bem Que neste mundo de Deus vós não fica e nem ninguém
Riqueza ninguém leva, pois nada disso lá tem As riqueza fica aqui na terra e o orgulho fica também Às vez você vê um rico, parece que vive bem As aparência se engana, meu filho, os ricos sofrem também
A verdadeira riqueza não está aqui, está no além E quem cumpre os dez mandamentos praticando todo o bem Pobre, honesto e virtuoso mesmo pobre sem vintém Meu pobre ofício não envergonha ninguém
Cristo também foi pobre e carpinteiro também Depois que meu pai falou eu senti uma emoção Reconheci o meu erro e à ele pedi perdão Hoje eu sou um bom carpinteiro e honro a minha profissão