Minha mão, presa ao brilho

deste impasse queimado

A sua, necessariamente do outro lado

de algum metaxis doentio

Você está parado em estase,

parecido com o meu

Vou quantificar tempo

com métrica, com rima

Para calcular um jeito de provar

que você está viva

Isolado, preso entre uma foto sua

agora manchada na rua

Oh mãe, ensina-me a morrer

Na sua sombra eu vi um futuro distante

A sua vida foi apenas uma taxa simbólica

que cantava o som do silêncio,

sinalizava o fim

Eles tomaram sua vida, mãe,

como um pretexto para fingir

A mão que nos alimenta te descartou,

cobriu meus olhos, brandiu a caneta,

refez a história

para dizer que foi suicídio

Você vai esperar por mim?

A morte foi o refrão,

nossas vidas enquadradas no estribilho

Baixinho cantamos

notas melhor cantadas por nossos mortos

Eu prefiro dormir e te ver logo

do que morrer sozinho no despertar

dessa catástrofe nuclear

Nós fomos feitos para criar,

Você nos chamou do nada

Para fora do caos que causamos

Nu viemos, sombras deixamos

Sal da terra: Preserve suas canções

Luz do mundo: Ilumine as sombras

Ecos infinitos de gritos abafados

O abismo que você criou

vai sempre me encarar de volta

Você vai esperar por mim?