Eu vou contar uma história Publicada nos jornais Dentro de uma mata virgem Lá no sertão de Goiás Regulava meia-noite Quando ouvia os sinais Um berrante repicando E os gritos do capataz Um caboclo ali passava Quando ouvia os tristes ais O seu corpo arrepiou Porque o medo foi demais Boiadeiro a meia-noite Não existe em Goiás
E dentro de poucos dia A notícia esparramou Um homem sem religião Deste fato duvidou Foi dormir dentro da mata Pra mostrar o seu valor Quando foi a meia-noite O berrante repicou Ele tentou a correr O seu corpo bambeou Chegou uma voz e disse Meu amigo aqui estou O que eu passei na vida Vou contar para o senhor
("Há trinta anos atrás Eu era um boiadeiro Que transportava meu gado Por este chão brasileiro Por maldade e covardia De um falso companheiro Que tirou a minha vida Pra roubar o meu dinheiro
Me deixou dentro da mata Bem pertinho de um cruzeiro Onde eu toco o meu berrante Relembrando os companheiros Não esqueço um só momento Aqui nesta solidão Que deixei os meus filhinhos Na mais triste situação")
("Amigo Mil vezes te peço perdão Duvidei deste teu fato Por não ter religião Me conte seu passado Vou cumprir sua obrigação Vou dizer a teus filhinhos Que tu ganhou a salvação")
Vou deixar meus companheiros E as matas de Goiás Eu vou viver lá no céu Bem juntinho dos meus pais Berrante da meia-noite Agora não toca mais Berrante da meia-noite Agora não toca mais Berrante da meia-noite Agora não toca mais
Compositores: Osvaldo Severino da Silva (Seresteiro), Claudino ECAD: Obra #246573 Fonograma #1623239