Cheiro da aurora e agora amanhece Mais uma história A mulher negra chorando na escada, é o que importa Sentindo frio, coração a mil Entregue até o pescoço Pois sonhou e depois sucumbiu São 2 ou 4 dos seus, pra ter que alimentar E muitos deles vieram em pleno desfrutar da culpa do acaso, erro, descaso, a intriga, da angústia A mentira consome o pior dos animais Não se deita aos que têm presas mas aos que quer sempre mais Ela olha para as mãos e já sente o óbvio Qualquer relato de desigualdade de vida é um assunto pra outro tópico Olhos vermelhos, pálidos, vazios Corroída por dor, nascida num cômodo sujo e frio Agoniza seus gritos, suas dores seus insultos, suas perdas Deixados por outros amores A pele se limpa toda vez que a lágrima deságua Ajoelhada, olha pro céu, no chão grosso da sala E chora, se aperta, se rende se entrega em preces, fraqueja Adrenalina arrepia de uma vez cada um de seus nervos Faz sua última oração, sorri pro posto espelho Aproxima da cabeça seu descanso, seu relento Um mar revolto, num mergulho leva o desencanto Entregue ao silêncio profundo O dedo escorrega, fecha seus olhos com medo Sua boca resseca Já preparada, escuta passos pequenos na sala "Mamãe, mamãe, sonhei que a senhora se matava. "