Rod Barreto
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Tristes Trilhos de Trem

Rod Barreto


Vinte e um anos e um pouco mais
Seguindo em frente , como se fosse pra trás
Cabelos ralos e rugas na testa
Marcas da vida que o tempo detesta

Olhos castanhos e barba espessa
Pedindo a Deus que eu a esqueça
Mãos calejadas enxugam o suor
Se já está ruim , podia ser pior

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

Meu nome ninguém se lembra
Até meu irmão já o esqueceu
Eu vim da cidade dos que não tem
E hoje me chamo Ninguém

Nada mudou pro Sol que arde
Seis da manhã ou seis da tarde
Vou pro trabalho já pensando em voltar
Morrer de fome ou me entediar?

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

Os meus parentes há anos brigados
E nesse vagão eu fico parado
Meu pai doente há algum tempo
Não posso ajudá-lo nesse momento

Sem casa própria ou outra riqueza
Próxima parada na estação da tristeza
Pagando óbulo pra ir ao inferno
No rio Caronte desse mundo moderno

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

Eu quase a perdi deitado na cama
Falei sobre alguém que não me ama
Me arrependi , mas eu lhe prometo
Erro maior eu não cometo

Eu não pensei que seria tão bom
Quando eu provei do seu batom
Mas crio problemas a cada dia
Agora é você calada e fria

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

Uma mulher tocando tamborim
Canta uma canção olhando pra mim
Seu canto doído sobre Jeová
Ecoa em meus ouvidos aonde quer que eu vá

Um homem sem perna sentou ao meu lado
Será um bom homem ou só um aleijado?
Ninguém dá licença ou lhe estende a mão
Nem mesmo o homem fazendo uma oração

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

Chega um homem vestido bem roto
Seu cheiro acre fedia à esgoto
Um bem vestido de perto saiu
O roto olhou pra ele e tossiu

Uma criança logo chiou
Uma idosa também reclamou
“Saia daqui e nos deixe em paz”
E a voz ganhou coro na boca de um rapaz

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

Bem devagar fazendo a curva
Será que sou eu ou a vida que é turva?
E nessa jornada procurando a esmo
Encontrando sempre o mesmo

O trem parou e as portas se abriram
De uma só vez todos sumiram
As portas fecharam só eu fiquei
Qual é a estação pra onde irei ?

Eu já posso ouvir o tinir dos ferros
Nos tristes trilhos de trem

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