Meus caros amigos, pretendo voltar Ao sertão querido onde fui criado Rever a amoreira sombreando o quintal E os passarinhos nos galhos pousados Quero ver a aurora, de manhã cedinho O sol vir surgindo por detrás dos montes Exibindo raios bem avermelhados Colorindo toda a barra do horizonte.
Recordo distante, rios e cascatas Águas cristalinas onde me banhei Lindas cachoeiras brilhando ao sol Meninas bonitas, muitas namorei Lindos arvoredos de ipês floridos Animais selvagens e pombas-do-ar Águas que brotavam em meio às pedras A saracurinha, o melro e o sabiá.
Nas roças de arroz tinha tantas rolinhas Voando formavam nuvens nas alturas Os pássaros-pretos gorjeavam felizes Os nambus ninhavam no capim-gordura Nos pés de imbaúbas festavam sanhaços Bicando as sementes das frutas maduras Perdizes piavam nas roças de milho De amendoim e de outras culturas.
Saudade é tormenta pro meu coração Vivendo distante daquele lugar Saí à procura de outras riquezas Que o homem moderno almeja encontrar Mas a natureza, sábia e soberana Não abdicaria de um caboclo nato Possuo riquezas (dinheiro e fama) Mas sinto saudade do cheiro de mato.