(“Enquanto ferve a água para um mate amargo Eu gostaria, gaúcho velho Que tu me contasse alguma coisa da tua mocidade Lembra-te, amigo? Recordar é viver”)
Já fui gaúcho valente No tempo que eu era moço Minha bombacha de seda O meu lenço no pescoço
Minha faca charqueadeira Garrucha de chumbo grosso Nas festas onde eu chegava, Sá dona! Eu fazia grande arvoroço
(“Ah, ah, ah, ah! É verdade gaúcho velho? Quando tu entrava no salão de dança Toda a moçada parava pra te ver bailar? ”)
Pra dançar valsa rodada Eu sempre fui o primeiro Dançava com elegância Deixando o povo banzeiro
As mocinhas suspirava Ficavam num desespero Por ver o jeito elegante, Sá dona! Deste gaúcho pampeiro
(“É! e o que se passou contigo, gaúcho velho Naquela tua ida a Passo Fundo? ”)
Numa festa em Passo Fundo Formei um grande salseiro Briguei com quatro paulista Dois baiano e dois mineiro
Arranquei meu garruchão Foi aquele fumaceiro E quando acabou a fumaça, Sá dona! Eu tava só no terreiro
(“A tua história é longa, meu amigo Dentro do teu peito existe um coração E esse coração não envelhece”)
Agora que já estou velho Tenho a pele encarquilhada Me alembro daqueles tempo Que eu nunca enjeitei parada
Minha faca e a garrucha Eu tenho as duas guardada Saudade daqueles tempo, Sá dona! No meu peito fez morada