Desdenha, vem prenhe Pragueja, deseja e ralha mas quando trabalha não estranha
Lá vem a Marianita, foi posta com as malas à porta O amo mandou-a embora mas ela não chora, cá pouco se importa Andava fisgado nela, foi ter-lhe ao quarto à tardinha Mariana por mais que tu faças, tu de hoje não passas, és minha Não me dás cabo da vida que essa não te a dou por nada Mil vezes me dei perdida mas outras mil eu dei-me achada
Que tens tu, ó Mariana, que não sossegas um dia Não foi proveito nem fama, já chora já mama, cá tudo se cria Vai por serras e veredas a ver onde é que há jornada Que importa que o povo diga se a vida castiga por tudo e por nada O amo quere-a de volta mas ela não verga a haste Hei-de criá-lo sozinha, a cria é só minha, tu tarde piaste
A noite é que guarda o dia, o poente é que o embala Para a vida não ser bravia tem de a gente amansá-la A mão que nos guarda a vida é a mão que nos dá manha Só leva a vida vencida quem a prova e não estranha