O que alucina são asas de borboleta É pulo de gafanhoto é tecido de roseira O que alucina é céu da boca sem estrelas É a bebida amarga e a vontade de beber toda bebida O que alucina é fera que mata e come gente É gente que mata fera e pendura na parede É jacaré que com gente no almoço É gente que mata jacaré e põe na sola do sapato
O que te alucina não me alucina O que me alucina te alucinará
O que alucina é o mergulho na fumaça E ver que a fumaça toda dela alucina É a cor preta da capa do Best Seller É “Virginha do Mutantes,Senhor Sol” É lua pendurada sem um fio que a segure São flores coloridas para um morto e sepultado
O que te alucina não me alucina O que me alucina te alucinará
O que alucina são asas de borboleta É pulo de gafanhoto é tecido de roseira O que alucina é trânsito de cidade grande É barulho de buzina e a eletricidade O que alucina é máquina de tirar retrato e a revelação a João
É a lua cheia e a tempestade É o fundo do mar é o alto do Céu É o amargo da vida e o doce do mel É o desejo de amar e o ardor do sexo É a imagem opaca e o seu reflexo É o curto período ou um curto circuito É a fina flor é a flor da pele É aquele que dá e aquele que pede É a terra distante que parece estranha É aquele que bate e aquele que apanha É o passado e o futuro e o presente no meio É o lindo que é burro e o sábio que é feio É o receio do vivo e o anseio do morto É a vida do espírito para a morte do corpo É o dia do juízo do juízo dos loucos É o castigo pra muitos e a benção pra poucos É a benção do Pai para Homens e bichos É a luta dos dois pela sobra do lixo
O que me alucina não te alucina O que te alucina me alucinará