Eu não entendo mais A paisagem que a tv me cala todos os dias, colando a noite Uma menina esquálida sem rosto sem telefone Ou nome que dê alegria a que a viu mas não entende quase nada Uma janela na cabeça tela plana inteira O preto e o branco em guerra nas cores de bombas na escuridão Princípios do fim, na onda da televisão Eu não entendo mais Sua palavra é o verbo forte da minha alegria, a paz na vida Mas o índio nu de cara pálida azul de fome Nos conduz a um mar de becos sem saída num caminho que não continua A imagem vesga da tristeza a morte derradeira O não e o sim no olho na cara na boca no coração O meio do fim, na mira da televisão
Viva vai a vida captando a vida Via satélite para todo mundo ver Num quarto escuro A cama e a tv não param de dizer que tudo rola Mesmo que as pedras nunca rolem por você
Eu não entendo mais A solidão no quadro a quadro da melancolia, num breve slow motion Os meus amigos voam e eu não posso mais ficar aqui a esperar Sentado à beira do caminho Só quero um pouco de carinho e tudo mais que vale a pena Meu cinema, a sombra da noite e o sol partindo a manhã Brilhando na minha cama
Compositor: Periandro Cordeiro Nogueira (Peri) ECAD: Obra #35853 Fonograma #1455180