Ana era morena, tinha os olhos verdes Os cabelos longos cor de carvão Manoel morria de amores por ela Que já tinha outro em seu coração
O noivo de Ana era um jovem rico Manoel não passava de um simples pintor Pois o destino provava mais tarde Que o moço rico era um grande covarde E não merecia o seu grande amor
O olhar tão lindo da moça bonita Por mal incurável perdeu a luz A negra sorte roubou-lhe a visão Jogando em seu ombro uma pesada cruz
Manoel pensou ao saber a notícia Embora sabendo que ela não lhe quis Doarei meus olhos com todo o prazer É tudo que eu tenho e posso fazer Pra que ela ainda volte a ser feliz
Depois de um ano de triste martírio Da cruz pesada que ela carregou Além da cegueira, a espera terrível Do noivo covarde que a abandonou
Ana foi chamada no banco de olhos Alguém havia doado os seus Ela imaginava naquele transplante Deve alguém que me ame bastante Pra dar um presente que ganhou de Deus
Parentes e amigos rodeavam seu leito Naquele momento de grande emoção Estava ansiosa para ver o nome De quem lhe devolvia de novo a visão
Pensava que fosse talvez o seu noivo E ao ler o nome, Manoel, o pintor Seus prantos caíram, pois só lhe restavam Chorar com os olhos de quem lhe adorava Daquele que sempre negou seu amor
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Manoel Adao da Silva (Manoelito Nunes), Joel Antunes Leme (Pedro Bento) ECAD: Obra #3377055 Fonograma #1030795