O poeta abre os braços e voa A caminho do mar Não do mar cheio de águas e conchas Mas de um outro que há Um mar enorme de gentes, de nomes Ondas que vêm derramar Seu movimento no peito dos homens Marés de amar, desamar
Solidões que o poeta retrata E desata a chorar Será a falta de amor que maltrata Ou o que mata é lembrar? Vai reaver cada gota de pranto Pra toda dor represar? Vai desfazer dos seus cantos o encanto Até desencantarolar?
Na cidade pequenina A saudade foi morar Tinha o sino da igrejinha Tinha a sina de cantar Tinha a pedra no caminho E os mistérios do lugar Tinha o mar, rodamoinho E eu, sozinho, a desvendar
Pensamento que é feito de asa Te liberta do chão Inventando um caminho pra casa Sobrevoa o sertão Cidadezinhas tão pequenininhas Visões de gaviãozão Quando entro dentro do imenso das minas Sou peixe-boi de arribação
Quem me diz qual montanha não cisma De molhar os pés no mar Ou que mar não quer ter lá de cima A beleza de olhar? Gira o dia a dia dos homens pequenos O seu veloz carrossel Sonhos e trilhas se enroscam no tempo Onde é meu chão, é meu céu
Na cidade pequenina A saudade foi morar Tinha um clube na esquina Tinha o mundo a transformar Tinha o tronco onde um dia Desenhei um coração Tinha o mar que arrastaria O que eu tinha em minhas mãos
O poeta, entre versos que fogem Ama o que a vida dá Porque a soma das obras de um homem São espumas no mar Ah! quanto tempo me sobra, quem sabe? Ainda que tarde, virá Meu mar de minas nos olhos não cabe Mar, doce mar, de mirar Mar, doce mar, marejar Mar doce de admirar
Compositores: Paulo Roberto Barroso (Paulo Barroso), Arnaldo Augusto Afonso ECAD: Obra #10779452 Fonograma #11339479