Na Sorocabana fui telegrafista Fui pra Mogiana como manobrista E num trem de lastro eu era foguista Sempre animado, nunca fui grevista
Caboclo de peito que tudo conquista Sem desanimar, sem ser pessimista Eu da Mogiana passei pra Paulista Eu fui pra Central como maquinista
Com um trem expresso saí da estação O bicho bufava com quinze vagão E o meu foguista que era dos bão Enchia as caldeiras prendendo a pressão
Eu desci a serra, entrei no chapadão Com chuva de pedra, com vento e trovão A trezentos metros tremeu o coração Eu vi a enchente cobri o ponteão
Baixei a palmatória, fui num supetão Fechei o regolento e com muita atenção Abri as torneira que faz purgação Puxei a alavanca fui num arrancão
Um contra vapor foi a salvação Eu arrisquei tudo em minha obrigação E com muita calma e com a proteção Foi que eu salvei a composição
Hoje nessa linha sou um dos primeiro Eu sou maquinista em trem de passageiro E dirijo sempre noturno mineiro De Belo Horizonte pro Rio de Janeiro
Assim é que eu vivo, ganho o meu dinheiro E tenho um foguista que é bão companheiro Eu tenho um São Jorge que é meu padroeiro Me protege a vida e a dos passageiro