("- Até hoje ainda me lembro
Os discurso do doutor João

Seu eu subi como prefeito
Prometo de coração
Vou mandá arrumá as estrada
E a ponte do ribeirão

Já ganhô, já ganhô!

Não há de fartá pros pobre
Escola, emprego, luz e pão

Já ganhô, já ganho!

Prometeu até uma viola
Pros violêro do lugá
Por um par de butinão
Vi muito caboclo babá

Foi aí que ele falô
Pro pretinho Sabiá
Que era na redondeza
O mió cabo eleitorá

Pegue tinta e pincér
Escreva em todo lugá
Vote no doutor João
Que a vida vai miorá

Se eu vencê eu te darei
Uma casa pra morá
Daquele barraco imundo
Sua mãezinha eu vô tirá")


Escrevendo nas parede
Pelas arta madrugada
O Sabiá com a friage
Pegou uma tosse danada

Mas com sua propaganda
O doutor vence a parada
Deixando os adversário
Tudo de cabeça inchada

E na casa do prefeito
Nessa noite de emoção
Chegô uma preta chorando
A empregada disse então

O Sabiá está morrendo
Vim chamá o doutor João
Diga pra ele vim sarvá
Meu filho do coração

A empregada foi pra dentro
E vortô com este recado
O doutor mandô dizê
Que seu carro tá quebrado

Ele agora tem visita
E não qué sê incomodado
Mas promete que amanhã
Seu caso será estudado

No outro dia seis pessoa
Carregava o caixão
Do pretinho que morria
Na mais triste ingratidão

Em sua porta ficô escrito
O letreiro da ilusão
Pra prefeito de palavra
Vote no doutor João