Vi brotar num galho seco Uma flor do pessegueiro E se foi com o vento norte Que veio num desespero. Era uma tarde de outubro Quando deu a chuvarada, Eu vinha seco e miĂșdo, Alheio hĂĄ dias na estrada.
No rancho do pessegueiro Arrumei uma pousada, ProvidĂȘncia do acaso, E a volta era encharcada. Junto ao fogo do galpĂŁo Acomodei meu pelego, Varei a noite acordado Pois nĂŁo me vinha sossego.
Eu nunca tive querĂȘncia, Mas jĂĄ estou acostumado, Por nĂŁo ter sonhos, nĂŁo durmo, Andejo assim tresnoitado.
No desjejum da manhĂŁ Carne, pĂŁo novo e qualhada... Faltava açĂșcar no mais, Adoçamos com figada. Gostaram de mim na casa, Me deram changa pra uns dias, Tivesse cerca alambrava, Quisessem poço eu abria.
Ali me apeguei à terra, à casa, aos bichos, à gente E me enamorei de olhares Pela vizinha da frente. Com toda a força da alma Vou cuidar cada pedaço Deste sonho que o destino Trouxe a sestear nos meus braços...