O Mito da Caverna
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Os Condenados da Terra

O Mito da Caverna


A esperança por um descanso num céu
Fustiga por dentro...
O afeto duma massa disforme
É purgado pelo sol que fustiga por fora...
- Sob um meio-dia sem fim que marca em brasa,
Uma convulsão coletiva, sincronizada...

A língua do humanismo se bifurca [e açoita!]...
Universaliza os indivíduos nas promessas
E os particulariza na prática.
Tanto [tanto, mas tanto...] diz a seu respeito,
E os massacra em cada esquina que acha...
- ...Consciências em diáspora...

"justiça"... um dia, uma musa nossa...
[que preço baixo!] na cama de aberrações fardadas...
De botas, braçadeiras, risos petulantes,
Dedos com pedras preciosas...
É um pranto mudo esse suor que de nós brota...
- Uma romaria dos mutilados...

Uma batida de coração num corpo morto vivente...

E já sufocaram minhas queixas
Com trapos podres de caridade!
Já puniram meu amor-próprio
Com uma máscara de flandres!
Já me comeram o couro das costas
Com chicotes embebidos em salvação!

E as mesmas chagas em que a vida é plena teimosia
São chagas por onde então a alma escapava...
Não há descanso para quem carrega
A metrópole nas costas...
- A maldição de cada aurora...

[mas...]
* você não sente nem vê,
Mas eu não posso deixar de dizer [, meu amigo,]
Que uma nova mudança em breve vai acontecer...


** ["então, deus compreendeu que nunca tivera,
Verdadeiramente, no mundo que julgara ser seu,
O lugar de majestade que havia imaginado,
Que tudo fora, afinal, uma ilusão,
Que também ele tinha sido vítima de enganos,
Como aqueles de que se estavam queixando as mulheres,
Os homens e as crianças, e,
Humilhado,
Retirou-se para a eternidade."]

*extraído de 'roupa velha colorida' - belchior.
**extraído do prefácio de josé saramago para "terra"...

Letra enviada por Augusto Miranda

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