Sixto Rodriguez, ou simplesmente Rodriguez, como era mais conhecido, morreu nesta quarta-feira (9) aos 81 anos. "É com o coração pesado que anunciamos a morte de nosso lendário Rodriguez", diz a postagem no perfil do músico no Facebook.

Rodriguez teve uma das carreiras mais inusitadas já vistas na música pop. Americano de Detroit e filho de imigrantes mexicanos, ele lançou dois ótimos discos de folk rock em 1970 e 1971 que passaram batidos em sua tera natal. O músico abandonou a carreira ainda na década de 70 e passou a trabalhar no ramo de demolições.

O que ele não sabia é que seus dois LPs, especialmente o primeiro, "Cold Fact", que tinha "Sugar Man", encontraram um enorme público na Austrália e principalmente na África do Sul, então tomada pelo regime racista do Apartheid. Ali, seus álbuns venderam milhares e milhares de cópias (sem que ele tenha visto um só tostão dessas vendas).



Em uma época pré-internet, e em um país onde a censura imperava, quase nada era sabido do misterioso cantor - a história de que ele havia cometido sucídio logo depois do lançamento de "Coming From Reality" (1971) circulava bastante entre os fãs.

Até que nos anos 90, alguns admiradores sul-africanos resolveram ir atrás da história e encontraram o artista vivendo modestamente em Detroit conseguindo levá-lo de volta para a música.

Paralelamente, "Sugar Man" também estava sendo redescoberta, O DJ e produtor David Holmes a incluiu em um de seus álbuns de mixagem e o rapper Nas a sampleou em uma de suas faixas.
Rodriguez

A história do sucesso na África do Sul, onde estima-se que ele tenha vendido mais discos que Elvis, foi transformada em um documentário que ganhou não só muitos elogios como prêmios.

"Searching For Sugarman" foi o vencedor do Oscar de melhor documentário de 2012. Rodriguez não foi à cerimônia por não querer tirar o momento de brilho do diretor Malik Bendjelloul.

O filme sofreu algumas críticas por omitir alguns dados, como o fato de que o compositor sabia que havia sido popular na Oceania - ele excursionou pela Austrália em 1979 e 1981. Mas, em relação à África do Sul, tudo leva a crer que a história lhe era, de fato, desconhecida.

No fim, isso de pouco importa. O sucesso do longa apresentou o trabalho de Rodriguez para novas, e velhas, gerações e ele passou a fazer turnês ao redor do mundo, ainda que nunca tenha gravado um terceiro disco de estúdio.