O Metallica pode demorar bastante para lançar um álbum, mas não se nega que, quando o disco chega, o fã é bem recompensado, ao menos na quantidade de música que recebe. Tome o 11° trabalho deles, "72 Seasons" que acaba de sair.

Com 77 minutos, ele mantém um padrão estabelecido ainda nos anos 80 de sempre entregar um LP que é, literalmente, de longa duração. Óbvio que isso de nada adiantaria se o material ali incluso não tivesse qualidade, e os fãs bem sabem que eles já entregaram discos no passado que teriam se beneficiado de uma boa edição. Felizmente, este não é o caso aqui.

"72 Seasons" pode não ser, e nem poderia, um novo "Master Of Puppets", mas mantém a fase inspirada iniciada em "Death Magnetic" (2008), quando eles simplesmente passaram a fazer o que sabiam de melhor: música pesada, de preferência com muitas partes e solos, e letras que vão fundo nas neuroses humanas - e Hetfield nunca esteve tão aberto e confessional como aqui.
Metallica
Metallica (Foto: Tim Saccenti)

O quarteto sabe que é a banda que mantém a bandeira do rock e do heavy metal no maisntream, mas está igualmente ciente de que os tempos em que também conseguiam emplacar hit singles na parada da Billboard não voltam mais.

Daí não se tem mais a necessidade de se compor algo mais pop, "para tocar na MTV". Não que o disco seja uma peça a ser apreciada apenas pelos mais fiéis. Uma música como "You Must Burn!" provavelmente iria tocar em rádios de pegada roqueira há 20 ou 30 anos, mas não temos aqui o menor sinal de uma balada ou de algo mais "leve".

Por outro lado, uma faixa como o single "Lux Æterna" mostra que eles também sabem ser "curtos e grossos". A única faixa que não vai muito além dos três minutos, e das mais potentes aqui, impossível não sentir uma homenagem ao som do Motörhead, mostrando que se, um dia, eles resolverem fazar um disco mais "punk", com canções concisas, ele teria tudo para ser igualmente bem sucedido.
Metallica

Deixando o que poderia ser, e nos mantendo no real, o que se pode dizer é que "72 Seasons" é um trabalho que honra uma história discográfica que está completando 40 anos, com um punhado de boas músicas que poderão ser tocadas em shows entre os grandes clássicos sem que o público fique disperso, ou, sendo direto, pare de bater a cabeça.

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