Há exatos 40 anos, em um 28 de fevereiro de 1983, o U2 lançou "War", seu terceiro álbum, e começou a trilhar um caminho que em poucos anos os levaria ao megaestrelato.

"War" é um trabalho curioso. Ainda que traga dois dos maiores símbolos da banda, "Sunday Bloody Sunday" e "New Year's Day", ele acabou um tanto quanto apagado da história dos irlandeses - o fato dessas duas músicas terem ganhado versões mais poderosas, e certamente mais ouvidas, no mini-LP "Under A Blood Red Sky", também de 1983, talvez explique um pouco dessa situação. Isso e o fato do álbum ter alguns dos momentos mais experimentais da carreira deles.

"War" marcou o fim de uma etapa da banda e pode ser enxergado como o último disco de sua "fase irlandesa". O quarteto entregou um LP marcado por temas políticos locais e uma sonoridade bem crua, ainda com muita inspiração do punk e do pós-punk. Ele ainda foi o último trabalho deles totalmente produzido por Steve Lillywhite.
U2

"War" foi o primeiro álbum do U2 a chegar ao número 1 no Reino Unido, e, mais importante, no top 20 dos EUA (em 12° lugar). A partir daí, as recompensas pelas várias turnês por lá começaram a ser colhidas, com shows cada vez maiores e importantes e um fã clube mais e mais fiel aumentando visivelmente.

Durante a turnê de divulgação, o quarteto fez um set poderoso no US Festival, em um dia que teve David Bowie de headliner e o inesquecível show no Red Rocks Amphitheater, que ficou imortalizado em vídeo (e, posteriormente, em DVD).
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O fato do disco não ser tão massificado favorece a sua redescoberta. De suas dez faixas, apenas três delas seguiram sendo tocadas pela banda através dos anos. Além das já citadas "Sunday..." e "New Year's Day", a espiritualizada ""40"" foi usada para encerrar um bom número de concertos nos anos e décadas seguintes. Ele também conta com três músicas nunca mostradas em shows e uma que foi tocada em apenas uma ocasião ("Like A Song", que tinha tudo para se tornar uma potência ao vivo) .
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Assim vale a pena relembrar, ou mesmo conhecer, faixas fortes como "Surrender", o single perdido "Two Hearts Beat As One" e a interessante "Red Light", com uma pegada punk-funk à la Gang Of Four e um inusitado, e único na carreira deles, solo de trompete. "The Refugee", com seu ritmo tribal e "gritos de guerra", é mais uma que soa como uma anomalia na história da banda

"War" não chegou a ser uma unanimidade entre os críticos... Dos três semanários ingleses, ele só entrou na lista de fim de ano do "Sounds". Para compensar, o disco foi citado pela Rolling Stone como um dos destaques de 1983.

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O LP também demorou a sair no Brasil. Somente em 1985, depois do sucesso de "Pride (In The Name Of Love)" e do show deles no Live AId, é que o vinil pôde ser comprado em nossas lojas. Em compensação, "nessa mesma época, um single de 12 polegadas com "Sunday Bloody Sunday" no lado A e remixes de "New Years Day" e "Two Hearts..." ganhou edição nacional e é um item que certamente tem bastante valor entre os colecionadores. Igualmente recomendado para os completistas é a edição especial em CD lançada em 2008 com um disco bônus com 12 extras entre lados b de compactos, remixes e faixas ao vivo.

Depois de "War", o U2 mudaria de rumo. Apaixonados pela América e seus mitos, e com Brian Eno e Daniel Lanois de produtores, eles entrariam em sua fase de maior sucesso, com os álbuns "The Unforgetable Fire" (1984) e, principalmente, "The Joshua Tree" (1987).

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