Foto: Rodrigo Gianesi
2022 foi o ano em que um dos festivais mais simpáticos do país, o Balaclava Fest, voltou a ser realizado, depois da pausa forçada pela pandemia. Mais uma vez, houve o esforço em trazer nomes que nunca haviam tocado no país e há muito eram pedidos pelos fãs brasileiros de rock alternativo, as duas principais atrações da noite: o Alvvays e os Fleet Foxes, e também uma boa banda internacional menos conhecida mas instigante, o Crumb.
Para completar a escalação, uma amostra do que anda sendo feito de artistas da nova geração brasileira, com Ombu, Bruno Berle, Jennifer Souza e Pluma, que tocaram em um palco montado no saguão do Tokio Marine Hall, em São Paulo.
Com casa cheia, as duas maiores atrações não decepcionaram. O Alvvays, de quebra, chegou por aqui no exato momento em que o terceiro álbum deles, "Blue Rev", está surgindo com destaque em várias listas de melhores do ano da imprensa especializada. E foi nesse material que o quinteto focou a sua atenção. 10, das dezoito músicas mostradas por eles vieram do novo trabalho, incluindo a linda "Belinda Says", eleita a grande música de 2022 pelo influente site Pitchfork.
O som deles não tem muito segredo: é um indie rock bastante melódico, com as guitarras distorcidas na medida certa, e canções bastante uniformes. Aquele som ótimo para se dançar sozinho, de preferência fitando os sapatos, como convém a uma banda que certamente ouviu os grandes nomes do shoegaze noventista.
A vocalista Molly Rankin é bastante fofa, outro adjetivo que combina com o som dos canadenses, e se mostra visivelmente feliz de estar tocando para uma plateia que genuinamente gosta deles.
Logo depois foi a vez dos Fleet Foxes compensarem a longa espera por um show deles por aqui no encerramento da noite. Com influência do melhor da música americana do final dos anos 60/inícios dos 70, eles surpreendem. Ao vivo, a banda é são um septeto, com baixo, guitarra, bateria, sax, trombone e teclado, mais a voz e o violão do líder Robyn Pecknold, chamado carinhosamente de "Robinho" pela plateia e também claramente feliz por estar ali.
Ao contrário dos Alvvays, que soam bem próximos do que se ouve nos discos, os FF dão nova vida para suas canções no palco, todas muito bem trabalhadas e intrincadas - especialmente as harmonias vocais, o uso criativo da bateria e as entradas dos metais.
O setlist teve músicas de todos os trabalhos, com destaque maior para "Shore", o mais recente, e mais uma cover para "Phoenix", a música que eles gravaram com o supergrupo indie Big Red Machine.
Em um concerto que soube dosar intensidade e leveza, fica difícil pescar destaques individuais, mas, claro, que os hits "White Winter Hymnal" e "Mykonos" calaram mais fundo na plateia. O final, com Tim Bernardes, talvez o maior fã da banda no Brasil, dividindo o microfone em "Going-To-The-Sun Road", e a despedida com "Helplessness Blues" fecharam aquele que foi, fácil, um dos grandes shows vistos no Brasil esse ano. Que em 2023, o Balaclava (tanto o selo quanto o festival) siga surpreendendo.
(Leandro Saueia)
2022 foi o ano em que um dos festivais mais simpáticos do país, o Balaclava Fest, voltou a ser realizado, depois da pausa forçada pela pandemia. Mais uma vez, houve o esforço em trazer nomes que nunca haviam tocado no país e há muito eram pedidos pelos fãs brasileiros de rock alternativo, as duas principais atrações da noite: o Alvvays e os Fleet Foxes, e também uma boa banda internacional menos conhecida mas instigante, o Crumb.
Para completar a escalação, uma amostra do que anda sendo feito de artistas da nova geração brasileira, com Ombu, Bruno Berle, Jennifer Souza e Pluma, que tocaram em um palco montado no saguão do Tokio Marine Hall, em São Paulo.
Com casa cheia, as duas maiores atrações não decepcionaram. O Alvvays, de quebra, chegou por aqui no exato momento em que o terceiro álbum deles, "Blue Rev", está surgindo com destaque em várias listas de melhores do ano da imprensa especializada. E foi nesse material que o quinteto focou a sua atenção. 10, das dezoito músicas mostradas por eles vieram do novo trabalho, incluindo a linda "Belinda Says", eleita a grande música de 2022 pelo influente site Pitchfork.
O som deles não tem muito segredo: é um indie rock bastante melódico, com as guitarras distorcidas na medida certa, e canções bastante uniformes. Aquele som ótimo para se dançar sozinho, de preferência fitando os sapatos, como convém a uma banda que certamente ouviu os grandes nomes do shoegaze noventista.
A vocalista Molly Rankin é bastante fofa, outro adjetivo que combina com o som dos canadenses, e se mostra visivelmente feliz de estar tocando para uma plateia que genuinamente gosta deles.
Logo depois foi a vez dos Fleet Foxes compensarem a longa espera por um show deles por aqui no encerramento da noite. Com influência do melhor da música americana do final dos anos 60/inícios dos 70, eles surpreendem. Ao vivo, a banda é são um septeto, com baixo, guitarra, bateria, sax, trombone e teclado, mais a voz e o violão do líder Robyn Pecknold, chamado carinhosamente de "Robinho" pela plateia e também claramente feliz por estar ali.
Ao contrário dos Alvvays, que soam bem próximos do que se ouve nos discos, os FF dão nova vida para suas canções no palco, todas muito bem trabalhadas e intrincadas - especialmente as harmonias vocais, o uso criativo da bateria e as entradas dos metais.
O setlist teve músicas de todos os trabalhos, com destaque maior para "Shore", o mais recente, e mais uma cover para "Phoenix", a música que eles gravaram com o supergrupo indie Big Red Machine.
Em um concerto que soube dosar intensidade e leveza, fica difícil pescar destaques individuais, mas, claro, que os hits "White Winter Hymnal" e "Mykonos" calaram mais fundo na plateia. O final, com Tim Bernardes, talvez o maior fã da banda no Brasil, dividindo o microfone em "Going-To-The-Sun Road", e a despedida com "Helplessness Blues" fecharam aquele que foi, fácil, um dos grandes shows vistos no Brasil esse ano. Que em 2023, o Balaclava (tanto o selo quanto o festival) siga surpreendendo.
(Leandro Saueia)