Os Arctic Monkeys estão de volta com "The Car", o sétimo álbum da banda. Em uma primeira audição, o que se conclui é que o líder Alex Turner decidiu seguir de vez uma rota que já foi traçada por várias das grandes bandas e artistas da história: a de se afastar mais e mais de sua sonoridade inicial em busca de novos horizontes musicais.
Em resumo, nada aqui faz lembrar hits pistas indie, tipo "I Bet You Look Good On The Dancefloor", de 2006. A surpresa é que ele também não remete a "AM" (2013), o quinto disco de estúdio que marcou uma guinada estilística na música do quarteto que foi extremamente bem aceita por público e críticos - não por acaso, é o trabalho deles que serve como a base dos setlists dos shows desde então.
"The Car" soa como a continuação natural de "Tranquility Base Hotel + Casino", e também do The Last Shadow Puppets, o projeto paralelo de Turner com Miles Kane.
Assim, saem as guitarras pesadas e entram arranjos elaborados, que não dispensam o uso de cordas, e influências inusitadas - quem conhece os trabalhos de gente como Scott Walker ou de franceses como Serge Gainsbourg e Michel Polnareff vai saber de onde veio o clima que permeia o trabalho (enquanto "Mr Schwartz", com sua levada de bossa-nova mostra que a música brasileira dos anos 60 e 70 também anda em alta com Alex).
"The Car" é um disco corajoso, daqueles que podem demorar a cativar os fãs de longa data. Ao mesmo tempo ele poderá ser apreciado também por quem jamais se interessou pela banda.
Agora é ver como eles irão lidar com essas canções no palco, já que elas não tê muito "clima de festival". Em sua resenha para o site da Mojo, o jornalista John Mulvey disse que o quarteto pode definitivamente optar uma "rota dupla". Nos shows o foco seguirá com as canções mais antigas, ótimas para levantar o público enquanto, em estúdio, Turner e cia. farão trabalhos mais esotéricos como esse que acaba de sair.
Os concertos que rolam no Brasil em breve, ganham ainda mais interesse agora, já que eles serão os primeiros da banda depois do lançamento do disco. Em 4 de novembro eles tocam na Jeunesse Arena no Rio. No dia seguinte, fazem o principal show do dia no Primavera Sound em São Paulo. O grupo ainda toca na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, na terça-feira, dia 8.
