Um momento raro da história da música brasileira acaba de voltar ao mercado de maneira oficial. O EP "O Divino Cartola (Com a Escola de Samba de Almeidinha)" foi disponibilizado nas plataformas de streaming pela Rozenblit. Se descontarmos uma gravação com ele cantando "Quem Me Vê Sorrindo", lançada apenas nos EUA em 1942, este foi o primeiro registro da voz do artista em vinil.

A história de Cartola é das mais fascinantes da música brasileira. O cantor e compositor nascido em 1908 escreveu sambas de sucesso que foram gravados por nomes como Aracy de Almeida, Carmen Miranda e Francisco Alves nas décadas de 30 e 40.
Cartola

Problemas pessoais e de saúde o levaram a abandonar a música até ele ser redescoberto, lavando carros!, pelo escritor e cronista Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, em 1956. A partir dali, a vida do compositor começou a mudar, com novas gravações de suas músicas e a abertura do restaurante Zicartola em 1963.

Ainda assim, a carreira como cantor demorou a engrenar. O compacto duplo, que agora foi relançado, traz duas canções dele que, hoje, são clássicos incontestáveis do samba, "O Sol Nascerá" e "Amor Proibido", e mais duas onde ele é apenas intérprete, "Bobagem" e "Não Quebre o Meu Tamborim".

Cartola só voltaria a aparecer em um disco de vinil em 1968 quando sai o antológico "Fala Mangueira", ao lado de Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho e outros.

O primeiro disco solo só chegou às lojas em 1974 quando ele já tinha 66 anos. Tanto este, quanto o trabalho seguinte, de 1976, são considerados marcos da história da nossa música. O sambista, nascido, Angenor De Oliveira, ainda gravaria mais dois LP antes de morrer aos 72 anos em 30 de novembro de 1980.

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