Na próxima quinta-feira (14), a cinebiografia de Elvis Presley, chamada simplesmente "Elvis", estreia nos cinemas brasileiros. O longa de Baz Lurhmann tem tudo para apresentar o cantor para novas gerações e também reconectar o público que estava meio afastado da obra do "Rei do Rock".

Elvis gravou muito. Entre 19 de julho de 1954, data de lançamento do compacto "That's All Right" a - em uma assustadora coincidência - 19 de julho de 1977, quando "Moody Blue", o derradeiro álbum chegou ás lojas. Não faltaram lançamentos, entre discos de estúdio, ao vivo e compilações, um número que só aumentou depois de sua morte, em 16 de agosto de 1977, com a chegada de, literalmente, centenas de LPs, CDs e box sets ao mercado.

Elvis Presley


Ou seja, a tarefa para quem está querendo entrar em contato com o universo do cantor não é muito simples. Esse texto chega para ajudar quem está nessa situação trazendo cinco discos, que qualquer pessoa interessada em Elvis, rock and roll, ou simplesmente na história do século 20, não pode ficar sem.

"Sunrise" - Lançado em 1999 com gravações feitas entre 1953 e 1955

Talvez as mais importantes e significativas gravações do cantor, o período em que Elvis gravou para a Sun Records, antes de ir para a RCA e se tornar um mito, e, sem exagero, lendário.

Foi aqui que o "branco de voz negra" desabrochou como artista e ajudou a criar uma linguagem que, logo, tomou conta do planeta. Incrivel que ele tenha conseguido isso apenas acompanhado da guitarra de Scotty Moore e do baixo de Bill Black além, é claro, da produção de Sam Phillips, cujo eco é ainda hoje reverenciado/copiado.

As gravações das Sun já foram reunidas em diversas compilações, incluindo a pioneira "The Sun Sessions", de 1976, que está preservada na Biblioteca do Congresso Nacional dos EUA. Para quem cultua vinil, eis um LP que certamente vale muito a pena ter em sua coleção, para quem prefere o CD, ou os serviços de streaming, a compilação "Sunrise" é talvez a melhor opção.

Lançada em 1999, ela reúne todas as masters que Presley gravou no mítico estúdio localizado em Memphis, incluindo os singles originais, os lados b e músicas que foram lançadas posteriormente na RCA.
Além disso, há também versões alternativas e seis gravações ao vivo que, juntas, mostram o rock and roll em seus estado mais puro e bruto.



"Elvis Presley" - 1956
Elvis Presley
Elvis Presley Scotty Moore com Elvis Presley na segunda metade dos anos 50

O primeiro LP de Elvis também é um monumento, com sua capa pra lá de icônica e seus 28 minutos de duração. O repertório tem algumas sobras da época da Sun e músicas que mostram o cantor se abrindo para o pop, mas sem abrir mão de suas origens. A faixa mais clássica é a de abertura, com a versão fundamental de "Blue Suede Shoes", de Carl Perkins. Ainda que as demais 11 canções não tenham o mesmo impacto, elas formam um conjunto forte e que mostram que Presley era um cantor bastante versátil.



"Elvis' Golden Records" - 1958
Elvis Presley

No decorrer dos anos 50, Elvis foi acumulando uma sequência incrível de sucessos, tanto que em 1958 ele já merecia uma coletânea de grandes hits. Como já dissemos, existem centenas de compilações de Presley no mercado, muitas trazendo todas, ou quase todas, as canções aqui presentes e outras mais.

Selecionamos essa pelo pioneirismo e também pelo seu valor histórico, já que o consenso é a de que "Golden Records" é a primeira coletânea da história do rock. O repertório, claro, é indiscutível, com "Hound Dog", "Heartbreak Hotel", "All Shook Up", "Don't Be Cruel"...



"From Elvis In Memphis" - 1968
Elvis Presley

A década de 60 não foi das melhores para o cantor. Com seu empresário, o manipulador Coronel Tom Parker, acreditando que o futuro de seu contratado estava no cinema mais do que na indústria fonográfica, Elvis se dedica mais a fazer filmes do que discos, todos acompanhados, claro, de suas trilhas sonoras, no geral com material bem abaixo da média, ainda que momentos brilhantes sempre possam ser achados aqui e acolá.

Em 1968, Presley teve a chance de tomar as rédeas de sua carreira, talvez pela única vez. Sentindo que estava cada vez mais sendo relegado ao passado, ainda que tivesse um fã clube enorme ao redor do mundo e sua influência tivesse sido fundamental para que gente como os Beatles e Bob Dylan pudessem aparecer, o fato é que ele estava em baixa.

A guinada começa em 1968 com o clássico especial televisivo da NBC onde ele mostrou que ainda tinha muito o que oferecer, mesmo já sendo um "veterano" de 33 anos, naquele que acabaria se tornando o primeiro grande comeback do rock.

Com a boa repercussão do especial, Presley decide investir em uma imagem mais moderna. Ele decide voltar para a sua Memphis natal, onde grava um disco de soul music com pitadas de rock, gospel e country music no estúdio do produtor Chips Moman.

Ali, ele toma a decisão de gravar canções em que acredita, independentemente dele ter os direitos autorais dela - algo que impedia que material de verdadeira qualidade chegasse às suas mãos.

Em termos puramente musicais, "From Elvis In Memphis" é o grande álbum de estúdio de Elvis e é uma pena que ele não tenha retornado ao American Sound Studio, nem feito mais nada com Moman nos anos seguintes.

Foram nessas sessões que dois dos maiores clássicos do cantor ganharam vida: a política "In The Ghetto" chegou ao terceiro lugar da parada, enquanto "Suspicious Minds" foi ainda além e ficou no primeiro lugar, posição em que ele não chegava desde 1962 e jamais chegaria novamente.

A melhor edição do álbum é a deluxe, lançada para celebrar os 40 anos de seu lançamento (e que não está no Spotify) já que ela junta todo o material gravado em Memphis triplicando as 12 canções do LP original.



"Aloha from Hawaii Via Satellite" - 1973
Elvis Presley

Presley voltou a subir aos palcos no segundo semestre de 1969, em uma série de shows em Las Vegas. Com uma banda de primeira, liderada pelo guitarrista James Burton, o cantor é aplaudido de pé em sucessivas noites e se mostra um performer invejável. Infelizmente, não demoraria muito para, mais uma vez, Presley ser engolido pela máquina.

O Coronel Tom Parker leva o cantor a uma rotina extenuante de concertos e também não permite que ele se apresente em outros países - ele era um imigrante ilegal na América e, aparentemente, tinha medo de ser impedido de reentrar no país.

Existem vários discos ao vivo gravados nesse período, que vai até a morte do cantor. Ele morreu em 16 de agosto de 1977 e fez seu último concerto em 26 de junho. A qualidade deles varia, e o melhor é escutar os gravados nos primeiros anos de turnê.

Esse disco é um pouquinho posterior, mas também é digno de atenção ao trazer Elvis se apresentando no Havaí, o mais próximo em que ele esteve de cantar "em outro país". Ele traz a trilha do especial de televisão transmitido para todo o mundo via satélite e se tornou um enorme sucesso de vendas.

A edição especial em CD duplo é a mais indicada do álbum, por trazer várias músicas a mais e dar uma ideia mais completa sobre o astro no palco.