Gusttavo Lima veio a público se defender depois que acabou no centro do debate sobre shows com cachês milionários em eventos organizados por prefeituras, em cidades do interior do país. No Instagram, o cantor falou por cerca de 20 minutos e afirmou nunca ter se beneficiado com dinheiro público em sua carreira.

Sobre os shows organizados por prefeituras, ele disse que é algo comum no Brasil e que praticamente todos os artistas do país já se apresentaram em espetáculos dessa natureza e que ele tem uma equipe de 500 pessoas que dependem diretamente de seu trabalho. "Se eu tenho uma casa para morar, podem ter certeza que saiu daqui", disse, apontando para a sua garganta.

Lima também disse que seu show custa um determinado valor e que esse é o preço que deve ser pago por ele, seja por um contratante privado ou uma prefeitura.

Gusttavo acabou no centro do debate depois que foi descoberto que ele faria um show em Conceição do Mato Dentro, pequena cidade no interior de Minas Gerais, por um valor acertado de 1,2 milhão de reais - após a polêmica, o concerto, e todos outros que seriam realizados no evento, foi cancelado. Segundo apuração feita pelo G1, o valor total que seria gasto nessas apresentações é cerca de 23 por cento do orçamento do município dedicado à educação básica.
Gusttavo Lima


Toda essa polêmica começou depois que Zé Neto, durante um show que fazia com seu parceiro Cristiano, fez a seguinte declaração: "Nós somos artistas e não dependemos de Lei Rouanet, nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no 'toba' para mostrar se a gente está bem ou não", em um clara referência à Anitta, que declarou publicamente ter uma tatuagem em sua parte íntima - a Rouanet é a principal lei de incentivo cultural vigente no país.

O que se viu em seguida foi o conhecido "efeito bola de neve". Fãs da cantora foram pesquisar a agenda de shows da dupla e viram que boa parte deles, inclusive o realizado em Sorriso (MT) onde a fala foi dita, estava sendo pago pelas prefeituras das cidades, ou seja, com dinheiro público - no caso deles, o cachê foi de R$400 mil.
Zé Neto e Cristiano


Logo ficou claro que muitos outros artistas do mundo da música sertaneja, mas não só, realizam shows com cachês elevados em eventos organizados pelo poder executivo de pequenas cidades de todo o país, algo que, é preciso reiterar, não é ilegal. Ainda assim, a descoberta pode mostrar que um esquema de desvio financeiro ou simplesmente mau uso de verba pública, pode estar por trás. Daí a decisão de, por um lado, Gusttavo Lima vir a público se defender das acusações, que acabaram recaindo também sobre ele, enquanto, do outro, de um clamor por uma "CPI do sertanejo" venha tomando força nas redes socais.

Veja a íntegra do pronunciamento: