Há 25 anos, em um 2 de fevereiro de 1997, a música brasileira perdia uma de suas figuras mais promissoras e originais: Chico Science. Ao propor uma união entre o som de raiz, os tambores do maracatu recifense, com aqueles do "do primeiro mundo", fosse o rock, o hip-hop ou a eletrônica, o artista, junto com a Nação Zumbi, apontou um caminho que seria seguido por muitos. A influência de Chico foi sentida fortemente em trabalhos de artistas dos mais diversos: do Sepultura à Cláudia Leitte, ele mudou muitas mentes.
Mais que um compositor, cantor e letrista, Science também era uma pessoa extremamente inteligente, com grande senso estético e mente de estrategista. Ao lado de Fred Zero Quatro, que formaria o Mundo Livre S/A, Chico sentiu que seria preciso fazer algo de impacto para chamar a atenção da imprensa dos grandes centros para a música que estava sendo feita em Recife naquele início de década. Surge então o "Manifesto Manguebeat" (que na verdade era "Manguebit", reforçando a ideia de união entre o primitivo e o tecnológico). Como estudioso da música pop, ele percebia que o mercado musical dos EUA e Reino Unido vivia de "cenas" e foi isso o que ele tentou, e conseguiu, transportar para cá.
A estratégia deu certo e logo os "mangue boys" estavam gerando curiosidade e conquistando espaço em jornais e revistas de grande circulação (a Internet ainda era um sonho, lembre-se). Em 1994, Chico Science e a Nação Zumbi já estavam de contrato assinado e tocando no M2000 Festival (que trouxe atrações internacionais e daqui para apresentações gratuitas em diversas praias) mesmo sem ter um disco.
O primeiro álbum saiu em abril daquele ano e hoje é tido como um dos grandes clássicos da nossa música. Apesar de algumas desavenças com o produtor Liminha, "Da Lama Ao Caos" conseguiu transpor para o disco a inusitada mistura de tambores, guitarras pesadas e vocais que tinham influência tanto do rap quanto da embolada.
"Da Lama Ao Caos" não foi exatamente um sucesso de vendas, mas se mostrou bastante influente e chamou muito a atenção dos chamados "formadores de opinião" e, em pouco tempo, CSNZ já estavam tocando na Europa e nos EUA. Foi esse interesse dos estrangeiros que inclusive abriu caminho para o segundo álbum, já que se dependesse da Sony Brasil eles já teriam sido dispensados.
Felizmente isso não aconteceu. Em 1996, chegava às lojas o segundo, e último, disco que Science gravou. "Afrociberdelia" teve um outro produtor, Eduardo BiD, mais antenado com as propostas da banda, e soa mais moderno que seu antecessor.
Se ele é melhor é difícil dizer. O fato é que ambos trabalhos são únicos e costumam aparecer em listas de "melhores discos feitos no Brasil" e muito bem colocados - no top 100 da Rolling Stone "Da Lama Ao Caos" ficou em 13° lugar e "Afrociberdelia" em 18°.
O CD também não vendeu inicialmente em grandes números, ao menos para os padrões dos anos 90, mas, foi mais ouvido graças aos seus dois maiores hits: "Manguetown" (forte candidata a melhor música brasileira dos anos 90) e a cover de "Maracatu Atômico", de Jorge Mautner, um caso raro de "sugestão" (leia-se imposição) de gravadora" que, de fato, se mostrou acertada. Hoje em dia, é impossível dissociar a canção dos recifenses.
Apesar dos percalços, o futuro de CSNZ parecia cada vez mais promissor e a expectativa pelos próximos movimentos da banda seguiam altas. Até que chegamos naquele fatídico 2 de fevereiro, quando Chico bateu o carro que dirigia em um poste e não resistiu aos ferimentos, abrindo uma lacuna enorme na nossa música.
Sem o seu líder, a Nação Zumbi pensou em desistir, mas a decisão de seguir em frente prevaleceu. A Nação conseguiu manter, e mesmo ampliar, o seu público e já não vive à sombra de seu antigo líder e mentor. A banda construiu uma discografia longa e pessoal, mantendo viva a ideia original de Chico: a de colocar o Recife e o resto do mundo em um mesmo caldeirão musical.
Mais que um compositor, cantor e letrista, Science também era uma pessoa extremamente inteligente, com grande senso estético e mente de estrategista. Ao lado de Fred Zero Quatro, que formaria o Mundo Livre S/A, Chico sentiu que seria preciso fazer algo de impacto para chamar a atenção da imprensa dos grandes centros para a música que estava sendo feita em Recife naquele início de década. Surge então o "Manifesto Manguebeat" (que na verdade era "Manguebit", reforçando a ideia de união entre o primitivo e o tecnológico). Como estudioso da música pop, ele percebia que o mercado musical dos EUA e Reino Unido vivia de "cenas" e foi isso o que ele tentou, e conseguiu, transportar para cá.
A estratégia deu certo e logo os "mangue boys" estavam gerando curiosidade e conquistando espaço em jornais e revistas de grande circulação (a Internet ainda era um sonho, lembre-se). Em 1994, Chico Science e a Nação Zumbi já estavam de contrato assinado e tocando no M2000 Festival (que trouxe atrações internacionais e daqui para apresentações gratuitas em diversas praias) mesmo sem ter um disco.
O primeiro álbum saiu em abril daquele ano e hoje é tido como um dos grandes clássicos da nossa música. Apesar de algumas desavenças com o produtor Liminha, "Da Lama Ao Caos" conseguiu transpor para o disco a inusitada mistura de tambores, guitarras pesadas e vocais que tinham influência tanto do rap quanto da embolada.
"Da Lama Ao Caos" não foi exatamente um sucesso de vendas, mas se mostrou bastante influente e chamou muito a atenção dos chamados "formadores de opinião" e, em pouco tempo, CSNZ já estavam tocando na Europa e nos EUA. Foi esse interesse dos estrangeiros que inclusive abriu caminho para o segundo álbum, já que se dependesse da Sony Brasil eles já teriam sido dispensados.
Felizmente isso não aconteceu. Em 1996, chegava às lojas o segundo, e último, disco que Science gravou. "Afrociberdelia" teve um outro produtor, Eduardo BiD, mais antenado com as propostas da banda, e soa mais moderno que seu antecessor.
Se ele é melhor é difícil dizer. O fato é que ambos trabalhos são únicos e costumam aparecer em listas de "melhores discos feitos no Brasil" e muito bem colocados - no top 100 da Rolling Stone "Da Lama Ao Caos" ficou em 13° lugar e "Afrociberdelia" em 18°.
O CD também não vendeu inicialmente em grandes números, ao menos para os padrões dos anos 90, mas, foi mais ouvido graças aos seus dois maiores hits: "Manguetown" (forte candidata a melhor música brasileira dos anos 90) e a cover de "Maracatu Atômico", de Jorge Mautner, um caso raro de "sugestão" (leia-se imposição) de gravadora" que, de fato, se mostrou acertada. Hoje em dia, é impossível dissociar a canção dos recifenses.
Apesar dos percalços, o futuro de CSNZ parecia cada vez mais promissor e a expectativa pelos próximos movimentos da banda seguiam altas. Até que chegamos naquele fatídico 2 de fevereiro, quando Chico bateu o carro que dirigia em um poste e não resistiu aos ferimentos, abrindo uma lacuna enorme na nossa música.
Sem o seu líder, a Nação Zumbi pensou em desistir, mas a decisão de seguir em frente prevaleceu. A Nação conseguiu manter, e mesmo ampliar, o seu público e já não vive à sombra de seu antigo líder e mentor. A banda construiu uma discografia longa e pessoal, mantendo viva a ideia original de Chico: a de colocar o Recife e o resto do mundo em um mesmo caldeirão musical.