Pela primeira vez, os Rolling Stones falaram sobre seus planos futuros e a morte de Charlie Watts. O baterista, que por quase 60 anos tocou na banda, morreu no mês passado, aos 80 anos. Mick Jagger e Keith Richards, agora os únicos membros da formação original ainda na banda, conversaram com exclusividade para a Rolling Stone.

"Charlie era a pedra fundamental sobre a qual todo o resto foi construído", resumiu Jagger ao falar da importância de Watts para os Stones. O vocalista falou que graças a isso, ele manteve o grupo musicalmente coeso por todos esses anos. "É uma grande perda para nós, muito muito dura."

Richards se lembrou do um lado pouco conhecido publicamente do baterista, dizendo que adorava fazê-lo rir. "Se você atingisse aquele ponto ele não parava e era a coisa mais divertida do mundo. Ele tinha esse senso de humor que guardava para si a não ser que você o estimulasse."
Rolling Stones

Mais sério o guitarrista falou que Charlie era como uma cama. "Eu podia me deitar nela sabendo que teria não só uma boa noite de sono, mas que quando acordasse ela ainda estaria balançando. É algo que eu tive comigo desde os 19 anos."

Sobre o substituto, que já tocava com Richards em seus projetos fora dos Stones, eles também foram generosos. "Ele tem muito respeito por Charlie", falou Jagger, "ele fez a lição de casa, ouvindo as músicas... há coisas que queremos fazer, que o Charlie fazia. Existem certas partes que muitos nem pensam muito a respeito, mas que são tão parte da canção quanto a linha de baixo ou de guitarra."

Depois de terem feito um show de aquecimento, os Stones voltam à estrada neste domingo (26) para cumprir as datas que foram adiadas com a pandemia. O setlist costuma ter uma parte que, há décadas não muda, Jagger diz que das 19 canções trocadas, 12 são do tipo "que todo mundo conhece", mas há espaço para algumas novidades. Segundo o vocalista, eles ensaiaram entre 80 e 90 músicas e que eles estão prontos para tocar qualquer uma delas. A gente pode trocar o repertório, mas temos de tocar "Paint It Black", resumiu.
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No texto não há nenhuma palavra sobre um novo álbum de estúdio - é sabido que eles gravaram bastante nos últimos anos, ainda que não lancem um disco de inéditas desde 2005. Mas há o relançamento de "Tattoo You" (1981) que virá com um disco de extras com faixas bônus - e algumas dessas músicas poderão entrar nos shows que acontecem agora nos EUA.

Para o futuro os planos seguem em aberto. "Tudo pode acontecer. Se tudo estiver ok no ano que vem e as pessoas dispostas a excursionar, estou certo que faremos mais shows. Mas, agora, eu só estou me concentrando nesta turnê", finalizou Jagger.