Um dos maiores biógrafos de Bob Dylan, o inglês Clinton Heylin, disse que a linha do tempo do cantor em 1965 torna altamente improvável a veracidade das acusações de que ele teria abusado sexualmente de uma criança de 12 anos naquele ano. O cantor, que tinha 24 anos na época, está sendo processado por uma mulher que busca reparações pelos danos mentais e psicológicos que, diz ela, o ato lhe causou.

Heylin já escreveu nada menos que oito livros sobre Dylan e, no momento prepara aquela que promete ser a biografia definitiva do músico - ele decidiu voltar ao assunto depois que a George Kaiser Family Foundation, em Tulsa, se tornou a guardiã de mais de seis mil documentos pessoais do artista. O primeiro volume, cobrindo a vida e obra dele até 1966 já saiu no exterior.

De acordo com o biógrafo, a linha do tempo que a acusadora, atualmente com 68 anos, colocou no processo não é compatível com os fatos registrados. Ele lembra que, durante aquele período de 1965 ele excursionou pela Inglaterra e também passou duas semanas em Los Angeles, e mais um ou dois dias na cidade de Woodstock.
Bob Dylan

O giro durou 10 dias, mas ele foi para Londres em 26 de abril e retornou para Nova Iorque em 3 de junho, conta. "Se ele ficou na cidade no meio de abril, não foi por mais de um ou dois dias. Era em Woodstock onde Dylan ficava quando não estava em turnê."

A mulher que busca a reparação, de quem se conhece apenas as inicias, J. C., diz que o abuso aconteceu no Chelsea Hotel, outra informação que Heylin diz não condizer com os fatos. O autor fala que Dylan passava suas temporadas em Nova Iorque na casa de seu empresário Albert Grossman e não no hotel.

1965 também foi o ano em que o famoso documentário sobre o compositor, "Dont Look Back" (1967) foi registrado. Ou seja, durante aqueles meses ele estava sendo seguido por câmeras por longos períodos.

J.C. alega, no processo, que Dylan a seduziu por um período de seis semanas, e que lhe deu drogas e bebidas alcóolicas, antes de consumar o abuso.