Há exatos 30 anos, a vida dos quatro integrantes do Metallica, de seus fãs, e, por que não?, do rock em geral mudou definitivamente. Foi em 12 de agosto de 1991 que as lojas de discos dos EUA receberam o chamado "Black Album", que se tornaria um dos mais vendidos de todos os tempos. Só nos Estados Unidos foram mais de 16 milhões de cópias, e uma série de músicas que, ainda hoje, são obrigatórias não só nos shows da banda, mas que seguem populares entre fãs do estilo e nas programações das rádios dedicadas ao rock.
Afinal, o que dizer de faixas como "Enter Sandman", "The Unforgiven", "Sad But True", "Nothing Else Matters" e "Wherever I May Roam", todas lançadas como single? Canções que já estão tão entronizadas nos ouvidos de quem cresceu nestas três décadas que parecem que sempre estiveram por aí.
"Metallica" (este o nome oficial do álbum) não foi um disco de fácil gestação. James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Jason Newsted passaram mais de oito meses em estúdio com o produtor Bob Rock buscando um novo som, algo que colocasse a banda em outro patamar e não só dentro do rock pesado.
Do lado artístico, isso significava gravar canções mais concisas, em contraponto às longas faixas de "...And Justice For All", o álbum anterior, lançado três anos antes. "Metallica", com 12 faixas e 62 minutos, não chega a ser um recorde de concisão, mas certamente o era em comparação com o disco de 1988, com duração semelhante, mas apenas 9 faixas.
Musicalmente, eles entregaram um trabalho variado. As faixas, mesmo as mais lentas, eram pesadas, mas longe de trazerem a velocidade das canções dos primeiros trabalhos - com a música de encerramento, "The Struggle Within", sendo a maior exceção. O clima sombrio das letras seguiu mantido, mas a força aqui estavam em músicas imediatas e de fácil assimilação. Some a isso uma série de clipes bem produzidos, mesmo os mais simples, que passavam em altíssima rotação na MTV e, de fato, não tinha como o projeto todo não ser extremamente bem sucedido.
Ou seja, a missão era a de ampliar a audiência, mas sem desagradar os velhos fãs, que já haviam feito do quarteto um dos maiores da cena metal da década de 80. Verdade seja dita, alguns admiradores mais radicais não abraçaram a nova proposta de imediato - era, e ainda é, comum ouvir que o grupo "havia se vendido para fazer sucesso", mas não se nega que a estratégia deu certo.
O Metallica não só se tornou ali a maior banda de heavy metal do planeta, como atraiu também gente que curtia o rock mainstream, mas também o de pegada mais alternativa - nas semanas seguintes "Nevermind", do Nirvana, "Ten", do Pearl Jam, e "Blood Sugar Sex Magik", dos Red Hot Chilli Peppers também chegariam às lojas causando aquela que foi, muito provavelmente, a última grande revolução comportamental do rock.
Do ponto de vista técnico, "Metallica" também surpreendeu, ao trazer uma clareza sonora única para discos do gênero - o timbre da bateria de Lars Ulrich, em particular, ainda impressiona. Nessa, quem também festejou foi o ainda novato Jason Newsted, o baixista que foi escolhido para a complicada missão de substituir Cliff Burton, morto em 1986.
O músico se viu em uma posição estranhíssima, de ser visto com desconfiança por fãs e até pelos seus colegas, a ponto de suas linhas terem sido enterradas na mixagem de "...And Justice". Aqui, isso não aconteceu, e vemos ele (que deixou a banda em 2001) e Ulrich formando uma cozinha poderosa.
"Metallica" saiu em uma época bem diferente da de hoje, em que os álbuns estreiam no topo com seu melhor desempenho semanal. Em um mercado em alta, com a tomada de vez do CD, o comum era ver os discos galgando posições até atingirem o seu ápice. Mas o Metallica já estava tão em alta, especialmente depois da excelente impressão causada por "Enter Sandman", o primeiro single lançado no meio de julho, que o álbum estreou direto no primeiro lugar - "...And Jutice" já havia sido um marco na carreira deles ao chegar no sexto posto.
Duas semanas depois, ele já era disco de platina e terminaria por passar incríveis 488 semanas no top 200 da Billboard - ao que se consta, ele vendeu, durante décadas, no mínimo 1000 cópias por semana.
Aproveitando o momento único, o Metallica também se atirou em uma das maiores, e mais exaustivas, turnês de todos os tempos. Entre agosto de 1991 e julho de 1993, eles passaram por América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e América do Sul. No Brasil, os shows aconteceram em 1 e 2 de maio, no Parque Antártica - cinco anos antes, eles haviam tocado no Ginásio do Ibirapuera, o que mostra como a popularidade deles aumentou.
No final, foram inacreditáveis 327 shows divididos em três giros, incluindo uma turnê ao lado do Guns N' Roses de 26 concertos pelos EUA (e duas passagens no Canadá).
As celebrações
Era óbvio que o não iria deixar os 30 anos do Disco Preto" passar em branco. Como esperado, o trabalho vai ser relançado, dia 10 de setembro, em diversos formatos, assim como já aconteceu com todos os quatro anteriores deles.
O pacote para o fã hardcore custa 240 dólares, ou mais de R$1200,00 (nos EUA), e tem nada menos que o álbum em CD, e vinil duplo, três LPs ao vivo, um picture disc, 14 CDs, com shows ao vivo e sobras de gravação, e seis DVDs. Isso e mais palhetas de guitarra, réplicas de crachás usados na turnê e um livro em capa dura. Uma versão mais modesta, com três CDs, também será disponibilizada para aqueles que só desejam ter o álbum com som remasterizado e alguns bônus.
Mais interessante ainda é o projeto "The Blacklist Album", onde 53 artistas, dos mais diversos gêneros, fazem covers para as canções do trabalho. Como curiosidade, "Nothing Else Matters" foi a mais escolhida, são 12 covers, entre elas as de Phoebe Bridgers, Miley Cyrus, Dave Gahan (do Depeche Mode) e Chris Stapleton.
Já as pouco lembradas, "Of Wolf And Man" e "The Struggle Within" só foram revistas por um único artista, a primeira pela banda de folk rock Goodnight Texas e a outra pelo duo de violonistas Rodrigo Y Gabriela.
Ouça o ábum:
Afinal, o que dizer de faixas como "Enter Sandman", "The Unforgiven", "Sad But True", "Nothing Else Matters" e "Wherever I May Roam", todas lançadas como single? Canções que já estão tão entronizadas nos ouvidos de quem cresceu nestas três décadas que parecem que sempre estiveram por aí.
"Metallica" (este o nome oficial do álbum) não foi um disco de fácil gestação. James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Jason Newsted passaram mais de oito meses em estúdio com o produtor Bob Rock buscando um novo som, algo que colocasse a banda em outro patamar e não só dentro do rock pesado.
Do lado artístico, isso significava gravar canções mais concisas, em contraponto às longas faixas de "...And Justice For All", o álbum anterior, lançado três anos antes. "Metallica", com 12 faixas e 62 minutos, não chega a ser um recorde de concisão, mas certamente o era em comparação com o disco de 1988, com duração semelhante, mas apenas 9 faixas.
Musicalmente, eles entregaram um trabalho variado. As faixas, mesmo as mais lentas, eram pesadas, mas longe de trazerem a velocidade das canções dos primeiros trabalhos - com a música de encerramento, "The Struggle Within", sendo a maior exceção. O clima sombrio das letras seguiu mantido, mas a força aqui estavam em músicas imediatas e de fácil assimilação. Some a isso uma série de clipes bem produzidos, mesmo os mais simples, que passavam em altíssima rotação na MTV e, de fato, não tinha como o projeto todo não ser extremamente bem sucedido.
Ou seja, a missão era a de ampliar a audiência, mas sem desagradar os velhos fãs, que já haviam feito do quarteto um dos maiores da cena metal da década de 80. Verdade seja dita, alguns admiradores mais radicais não abraçaram a nova proposta de imediato - era, e ainda é, comum ouvir que o grupo "havia se vendido para fazer sucesso", mas não se nega que a estratégia deu certo.
O Metallica não só se tornou ali a maior banda de heavy metal do planeta, como atraiu também gente que curtia o rock mainstream, mas também o de pegada mais alternativa - nas semanas seguintes "Nevermind", do Nirvana, "Ten", do Pearl Jam, e "Blood Sugar Sex Magik", dos Red Hot Chilli Peppers também chegariam às lojas causando aquela que foi, muito provavelmente, a última grande revolução comportamental do rock.
Do ponto de vista técnico, "Metallica" também surpreendeu, ao trazer uma clareza sonora única para discos do gênero - o timbre da bateria de Lars Ulrich, em particular, ainda impressiona. Nessa, quem também festejou foi o ainda novato Jason Newsted, o baixista que foi escolhido para a complicada missão de substituir Cliff Burton, morto em 1986.
O músico se viu em uma posição estranhíssima, de ser visto com desconfiança por fãs e até pelos seus colegas, a ponto de suas linhas terem sido enterradas na mixagem de "...And Justice". Aqui, isso não aconteceu, e vemos ele (que deixou a banda em 2001) e Ulrich formando uma cozinha poderosa.
"Metallica" saiu em uma época bem diferente da de hoje, em que os álbuns estreiam no topo com seu melhor desempenho semanal. Em um mercado em alta, com a tomada de vez do CD, o comum era ver os discos galgando posições até atingirem o seu ápice. Mas o Metallica já estava tão em alta, especialmente depois da excelente impressão causada por "Enter Sandman", o primeiro single lançado no meio de julho, que o álbum estreou direto no primeiro lugar - "...And Jutice" já havia sido um marco na carreira deles ao chegar no sexto posto.
Duas semanas depois, ele já era disco de platina e terminaria por passar incríveis 488 semanas no top 200 da Billboard - ao que se consta, ele vendeu, durante décadas, no mínimo 1000 cópias por semana.
Aproveitando o momento único, o Metallica também se atirou em uma das maiores, e mais exaustivas, turnês de todos os tempos. Entre agosto de 1991 e julho de 1993, eles passaram por América do Norte, Europa, Oceania, Ásia e América do Sul. No Brasil, os shows aconteceram em 1 e 2 de maio, no Parque Antártica - cinco anos antes, eles haviam tocado no Ginásio do Ibirapuera, o que mostra como a popularidade deles aumentou.
No final, foram inacreditáveis 327 shows divididos em três giros, incluindo uma turnê ao lado do Guns N' Roses de 26 concertos pelos EUA (e duas passagens no Canadá).
As celebrações
Era óbvio que o não iria deixar os 30 anos do Disco Preto" passar em branco. Como esperado, o trabalho vai ser relançado, dia 10 de setembro, em diversos formatos, assim como já aconteceu com todos os quatro anteriores deles.
O pacote para o fã hardcore custa 240 dólares, ou mais de R$1200,00 (nos EUA), e tem nada menos que o álbum em CD, e vinil duplo, três LPs ao vivo, um picture disc, 14 CDs, com shows ao vivo e sobras de gravação, e seis DVDs. Isso e mais palhetas de guitarra, réplicas de crachás usados na turnê e um livro em capa dura. Uma versão mais modesta, com três CDs, também será disponibilizada para aqueles que só desejam ter o álbum com som remasterizado e alguns bônus.
Mais interessante ainda é o projeto "The Blacklist Album", onde 53 artistas, dos mais diversos gêneros, fazem covers para as canções do trabalho. Como curiosidade, "Nothing Else Matters" foi a mais escolhida, são 12 covers, entre elas as de Phoebe Bridgers, Miley Cyrus, Dave Gahan (do Depeche Mode) e Chris Stapleton.
Já as pouco lembradas, "Of Wolf And Man" e "The Struggle Within" só foram revistas por um único artista, a primeira pela banda de folk rock Goodnight Texas e a outra pelo duo de violonistas Rodrigo Y Gabriela.
Ouça o ábum: